CONTEÚDOS ELABORADOS PELA COORDENAÇÃO DA OFICINA BOCA DE LEÃO - MATERIAIS DE ESTUDO DOS INTEGRANTES DESTA OFICINA.
SEIS MESES DE CAMINHADA
A Oficina Literária Boca de Leão, iniciou o segundo
semestre de 2012 com Claudete da Mata e Evandro Jair Duarte à frente de todos os acontecimentos, sempre em busca de mais pessoas para o apoio da Oficina. Então, prosseguimos com mais duas pessoas maravilhosas: Dora Duarte e Viviane Regina dos Santos, fechando a nossa equipe de apoio.
Neste contínuo, seguimos nossa jornada com um número significante de pessoas, cujo desejo em comum,
é aprender a aprender com o exercício da oralidade, diferentes meios de registrar por escrito
os textos que os visitam, gerando, neste primeiro momento de produções na
Oficina, contos de diferentes tipos, começando pelos Contos de Animais, Encantamentos,
Infância, Riso e de Assombrações com Seres Elementares (de almas penadas à
existência de bruxas, lobisomens...); um passeio pelos diferentes gêneros
textuais propostos até 3º de novembro de 2012, e pelo processo narrativo com
preparação técnica à prática da oralidade, muitas leituras e reflexões em grande grupo.
Nossa mesa está ficando pequena. Tem gente ocupando as cadeiras do auditório.
Sabe-se na prática, que narrar nada mais é que contar uma
história, cujo texto trás uma sequência de ações que se constituem através do
tempo e espaço, evidenciando um fato que pode ser fictício ou não fictício.
A narrativa não fictícia fala sobre fatos reais, sem
recriações, nem floreios, limitando-se a amostrar o que realmente aconteceu.
Por sua vez, a narrativa fictícia nos oferece a liberdade de
criar ou recriar os fatos, de acordo com a exploração do imaginário e a
criatividade de cada autor, o qual pode fazer de uma agulha perdida no palheiro,
um tesouro de grande valor.
Segundo pesquisas do professor Diego Lucas, sobre um fato real, por exemplo, a história da Segunda Guerra Mundial, podemos criar milhares de textos fictícios (basta lembrar de filmes como “Os doze condenados”, “Os canhões de Navarone”, “A lista de Schlinder”, “Uma luz na escuridão”, “Um canto de esperança”, entre outros.). Veja abaixo os tipos de narrativas ficcionais e não ficcionais:
Narrativa ficcional
CONTEÚDOS ELABORADOS PELA COORDENAÇÃO DA OFICINA BOCA DE LEÃO - MATERIAIS DE ESTUDO DOS INTEGRANTES DESTA OFICINA.
SEIS MESES DE CAMINHADA
SEIS MESES DE CAMINHADA
Neste contínuo, seguimos nossa jornada com um número significante de pessoas, cujo desejo em comum,
é aprender a aprender com o exercício da oralidade, diferentes meios de registrar por escrito
os textos que os visitam, gerando, neste primeiro momento de produções na
Oficina, contos de diferentes tipos, começando pelos Contos de Animais, Encantamentos,
Infância, Riso e de Assombrações com Seres Elementares (de almas penadas à
existência de bruxas, lobisomens...); um passeio pelos diferentes gêneros
textuais propostos até 3º de novembro de 2012, e pelo processo narrativo com
preparação técnica à prática da oralidade, muitas leituras e reflexões em grande grupo.
Nossa mesa está ficando pequena. Tem gente ocupando as cadeiras do auditório.
Sabe-se na prática, que narrar nada mais é que contar uma
história, cujo texto trás uma sequência de ações que se constituem através do
tempo e espaço, evidenciando um fato que pode ser fictício ou não fictício.
A narrativa não fictícia fala sobre fatos reais, sem
recriações, nem floreios, limitando-se a amostrar o que realmente aconteceu.
Por sua vez, a narrativa fictícia nos oferece a liberdade de
criar ou recriar os fatos, de acordo com a exploração do imaginário e a
criatividade de cada autor, o qual pode fazer de uma agulha perdida no palheiro,
um tesouro de grande valor.
Segundo pesquisas do professor Diego Lucas, sobre um fato real, por exemplo, a história da Segunda Guerra Mundial, podemos criar milhares de textos fictícios (basta lembrar de filmes como “Os doze condenados”, “Os canhões de Navarone”, “A lista de Schlinder”, “Uma luz na escuridão”, “Um canto de esperança”, entre outros.). Veja abaixo os tipos de narrativas ficcionais e não ficcionais:
Narrativa ficcional
Conto: uma narrativa curta, cujo tempo em que se passa, é reduzido e contém poucos personagens que existem em função de um núcleo temático. É o relato de uma situação que pode acontecer na vida das pessoas, em determinada época ou no dia a dia. Porém, não é comum que ocorra de fato, no cotidiano da vida real. Pode ter um caráter realista ou fantástico, e da mesma forma, o tempo pode ser cronológico ou psicológico.
Romance: em geral é um tipo de texto que possui um núcleo principal, mas não possui apenas um núcleo. Outras tramas vão se desenrolando ao longo do tempo em que a trama principal acontece. O Romance se subdivide em diversos outros tipos: Romance policial, Romance romântico, etc. É um texto longo, tanto na quantidade de acontecimentos narrados quanto no tempo em que se desenrola o enredo.
Novela: muitas vezes confundida em suas características com o Romance e com o Conto, é um tipo de narrativa menos longa que o Romance, possui apenas um núcleo, ou em outras palavras, a narrativa acompanha a trajetória de apenas uma personagem. Em comparação ao Romance, se utiliza de menos recursos narrativos e em comparação ao Conto tem maior extensão e uma quantidade maior de personagens.
OBS: A telenovela é um tipo diferente de narrativa. Ela advém dos folhetins, que em um passado não muito distante eram publicados em jornais. O Romance provém da história, das narrativas de viagem, é herdeiro da epopéia. A novela, por sua vez, provém de um conto, de uma anedota, e tudo nela se encaminha para a conclusão.
Crônica: por vezes é confundida com o conto. A diferença básica entre os dois é que a crônica narra fatos do dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos fatos. A crônica também se utiliza da ironia e às vezes até do sarcasmo. Não necessariamente precisa se passar em um intervalo de tempo, quando o tempo é utilizado, é um tempo curto, de minutos ou horas normalmente.
Fábula: É semelhante a um conto em sua extensão e estrutura narrativa. O diferencial se dá, principalmente, no objetivo do texto, que é o de dar algum ensinamento, uma moral. Outra diferença é que as personagens são animais, mas com características de comportamento e socialização semelhantes às dos seres humanos
Parábola: é a versão da fábula com personagens humanas. O objetivo é o mesmo, o de ensinar algo. Para isso são utilizadas situações do dia a dia das pessoas.
Apólogo: é semelhante à fábula e à parábola, mas pode se utilizar das mais diversas e alegóricas personagens: animadas ou inanimadas, reais ou fantásticas, humanas ou não. Da mesma forma que as outras duas, ilustra uma lição de sabedoria.
Anedota: é um tipo de texto produzido com o objetivo de motivar o riso. É geralmente breve e depende de fatores como entonação, capacidade oratória do intérprete e até representação. Nota-se então que o gênero se produz na maioria das vezes na linguagem oral, sendo que pode ocorrer também em linguagem escrita.
Lenda: é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais, sendo assim a realidade dos fatos e a fantasia estão diretamente ligadas. A lenda é sustentada por meio da oralidade, torna-se conhecida e só depois é registrada através da escrita. O autor, portanto é o tempo, o povo e a cultura. Normalmente fala de personagens conhecidas, santas ou revolucionárias.
Sabendo que os textos não ficcionais são apenas o relato de fatos reais, até que se esgote o planejamento da Oficina Boca de Leão, de agosto de 2012 a dezembro de 2013, trataremos apenas dos textos ficcionais, que criam ou recriam histórias e fatos do cotidiano, para as nossas futuras edições literárias.
Romance: em geral é um tipo de texto que possui um núcleo principal, mas não possui apenas um núcleo. Outras tramas vão se desenrolando ao longo do tempo em que a trama principal acontece. O Romance se subdivide em diversos outros tipos: Romance policial, Romance romântico, etc. É um texto longo, tanto na quantidade de acontecimentos narrados quanto no tempo em que se desenrola o enredo.
Novela: muitas vezes confundida em suas características com o Romance e com o Conto, é um tipo de narrativa menos longa que o Romance, possui apenas um núcleo, ou em outras palavras, a narrativa acompanha a trajetória de apenas uma personagem. Em comparação ao Romance, se utiliza de menos recursos narrativos e em comparação ao Conto tem maior extensão e uma quantidade maior de personagens.
OBS: A telenovela é um tipo diferente de narrativa. Ela advém dos folhetins, que em um passado não muito distante eram publicados em jornais. O Romance provém da história, das narrativas de viagem, é herdeiro da epopéia. A novela, por sua vez, provém de um conto, de uma anedota, e tudo nela se encaminha para a conclusão.
Crônica: por vezes é confundida com o conto. A diferença básica entre os dois é que a crônica narra fatos do dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos fatos. A crônica também se utiliza da ironia e às vezes até do sarcasmo. Não necessariamente precisa se passar em um intervalo de tempo, quando o tempo é utilizado, é um tempo curto, de minutos ou horas normalmente.
Fábula: É semelhante a um conto em sua extensão e estrutura narrativa. O diferencial se dá, principalmente, no objetivo do texto, que é o de dar algum ensinamento, uma moral. Outra diferença é que as personagens são animais, mas com características de comportamento e socialização semelhantes às dos seres humanos
Parábola: é a versão da fábula com personagens humanas. O objetivo é o mesmo, o de ensinar algo. Para isso são utilizadas situações do dia a dia das pessoas.
Apólogo: é semelhante à fábula e à parábola, mas pode se utilizar das mais diversas e alegóricas personagens: animadas ou inanimadas, reais ou fantásticas, humanas ou não. Da mesma forma que as outras duas, ilustra uma lição de sabedoria.
Anedota: é um tipo de texto produzido com o objetivo de motivar o riso. É geralmente breve e depende de fatores como entonação, capacidade oratória do intérprete e até representação. Nota-se então que o gênero se produz na maioria das vezes na linguagem oral, sendo que pode ocorrer também em linguagem escrita.
Lenda: é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais, sendo assim a realidade dos fatos e a fantasia estão diretamente ligadas. A lenda é sustentada por meio da oralidade, torna-se conhecida e só depois é registrada através da escrita. O autor, portanto é o tempo, o povo e a cultura. Normalmente fala de personagens conhecidas, santas ou revolucionárias.
Sabendo que os textos não ficcionais são apenas o relato de fatos reais, até que se esgote o planejamento da Oficina Boca de Leão, de agosto de 2012 a dezembro de 2013, trataremos apenas dos textos ficcionais, que criam ou recriam histórias e fatos do cotidiano, para as nossas futuras edições literárias.
Elementos da narrativa O texto narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus elementos são:
1. Foco narrativo 1.1 Primeira pessoa: quando o narrador conta a história utilizando a primeira pessoa do singular ou do plural. Neste caso, ele participa da história (narrador-personagem);
1.2. Terceira pessoa: quando o narrador não faz parte da história e fala do personagem na terceira pessoa do singular ou do plural (narrador-observador). Obs.: Muitas vezes o autor fala de si mesmo na terceira pessoa. Como se um aluno contasse o seu dia na escola, referindo-se a si mesmo como ele, o aluno.
2. Personagens
2.1. Protagonista – É o personagem principal, o herói (heroína), aquele por quem todos torcem.
2.2.Antagonista - É o personagem que se coloca contra o protagonista, geralmente, nas novelas, aquela pessoa que vive armando situações para prejudicar o personagem principal.
2.3. Coadjuvante – Personagem menos importante, secundário, que faz parte do cotidiano do protagonista ou do antagonista.
2.4. Figurante – Personagem terciário, que apenas aparece para compor a cena, não desempenhando nenhum papel significativo no enredo. Pode até nem ser percebido pelos personagens principais e secundários.
3. Narrador3.1. Narrador-personagem – É aquele que faz parte da história e, por isso mesmo, relata os fatos em primeira pessoa.
3.2. Narrador-observador – É o narrador que, estando diante dos fatos, observa-os e relata o que vê.
3.3. Narrador onisciente – É aquele que, além de observar e saber de tudo o que acontece, tem o poder de conhecer o pensamento, os sentimentos e emoções de cada personagem, como também tudo o que aconteceu e o que está por acontecer.
4. Tempo4.1. Cronológico – O relato se desenvolve numa sequência progressiva e lógica de tempo.
4.2. Psicológico – O relógio e o calendário perdem seu sentido linear. No tempo psicológico o personagem ou o narrador vai à infância e avança à velhice em segundos.
É o tempo da imaginação, do sonho, da lembrança, da saudade. Geralmente, quando aparece o tempo psicológico no texto narrativo, ele marca a presença de um trecho descritivo.
5. Espaço
O contexto, o lugar onde se desenvolve o fato ou a história.
Estrutura do texto narrativo
Apresentação - A parte que introduz, que dá os dados necessários para a compreensão da anedota, conto, crônica ou qualquer que seja o tipo de texto narrativo.
Complicação ou desenvolvimento - Parte do texto que traz o conflito, problema ou situação que é o ponto central da narrativa.
Clímax - É o auge, o ponto culminante do conflito, seja ele dramático ou cômico.
Desfecho - É a resolução ou a saída do conflito , ou ainda – no caso de uma anedota – o final que faz com que o leitor perceba o sentido cômico da narrativa.
O discurso na narrativa
1. Discurso direto
O narrador apresenta a própria personagem falando diretamente, permitindo ao autor mostrar o que acontece em lugar de simplesmente contar. Veja o exemplo a seguir:
“Lavador de carros, Juarez de Castro, 28 anos, ficou desolado, apontando para os entulhos: “Alá minha frigideira, alá meu escorredor de arroz. Minha lata de pegar água era aquela. Ali meu outro tênis.”
( Jornal do Brasil, 29 de maio 1989)
Obs. Vale ressaltar que, embora, no exemplo acima, a fala do personagem esteja reproduzida dentro do texto, separada da fala do narrador por aspas, é mais comum o discurso direto aparecer com as falas introduzidas por um travessão e pelos verbos dicendi ( disse, respondeu, falou, afirmou etc.)
2. Discurso indireto
O narrador interfere na fala da personagem. Ele conta aos leitores o que o personagem disse, mas conta em 3ª pessoa. As palavras da personagem não são reproduzidas, mas traduzidas na linguagem do narrador.
“Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque”.
Dalton Trevisan. Cemitério de elefantes. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1964.
3. Discurso indireto livre
É uma combinação dos dois anteriores, confundindo as intervenções do narrador com as dos personagens. É uma forma de narrar econômica e dinâmica, pois permite mostrar e contar os fatos a um só tempo.
“Enlameado até a cintura, Tiãozinho cresce de ódio. Se pudesse matar o carreiro... Deixa eu crescer!... Deixa eu ficar grande!... Hei de dar conta deste danisco... Se uma cobra picasse seu Soronho... Tem tanta cascavel nos pastos... Tanta urutu, perto de casa... se uma onça comesse o carreiro, de noite... Um onção grande, da pintada... Que raiva!... Mas os bois estão caminhando diferente. Começaram a prestar atenção, escutando a conversa de boi Brilhante”.
Guimarães Rosa. Sagarana. Rio de Janeiro,
José Olympio, 1976.
Observe que o discurso indireto livre representa o “pensar alto”, a exposição do pensamento no meio da narrativa. No discurso direto, o personagem fala. No discurso indireto, a fala do personagem é reproduzida pelo narrador ou por outro personagem. E o discurso indireto livre mostra o pensamento do personagem.
_____________________________
Bibliografia:
SOUZA, Diego Lucas Nunes de. Descrição. Apostila de Redação e estudos linguísticos - Módulo II. Cataguases, 2011, p. 3 - 7.
CABRAL, Marina. Narração. BRASIL ESCOLA. Disponível em:
http://www.brasilescola.com/redacao/narracao.htm. Acesso em: 12/02/2011.
SANTANA, Ana Lúcia. Narração. INFO ESCOLA. Disponível em:
http://www.infoescola.com/redacao/narrativa/. Acesso em: 12/02/2011.
PIMENTEL, Carlos. Redação descomplicada. Editora Saraiva: 2008
*******************************************************
ESCRITORES!
Do que uma história precisa para ser considerada literatura?
Qualidade textual, antes de mais nada, algo que vem com os anos de leitura. Originalidade no tratamento de temas banais. Credibilidade, isto é, a sensação que dá, ao leitor, de que aquilo de fato acontece ante seus olhos.
Além de uma oficina literária, que caminhos deve buscar um escritor durante a sua formação?
Muita leitura: textos ficcionais alheios, critica literária, resenhas de jornais e revistas. Mas não só: também textos científicos, textos de História, de Filosofia, de Culinária, de Herpetologia. Nenhum escritor pode dizer que algo não o interessa. Sugiro, também, aconselhamento com quem já está na estrada há mais tempo. E tomar algumas aulas de gramática não faz mal a ninguém, nem que seja para violar as regras.
Copiar o estilo de um autor consagrado é uma boa forma de começar?
É a única forma de começar. Não há outra. Depois que um leitor se encanta com um livro, ele o fecha dá um suspiro: “Ah, eu gostaria de escrever como esse cara”. É natural que começará imitando aquele cara. Mas essa é uma doença infantil do escritor – parodiando Lênin. Se a vocação for verdadeira, ele encontrará seu próprio e exclusivo caminho.
Quando um escritor pode se considerar formado?
Se um escritor se considera pronto é porque cedeu à vaidade da vida literária. E a vida literária nada tem em comum com a literatura. A literatura é uma busca constante. Para lembrar Drummond, é quase uma luta vã. Sempre é possível escrever melhor. Nunca ninguém está pronto – para nada, aliás.
Bibliografia:
Maria Carolina Maia - http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/tag/oficina-literaria/
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AOS LEITORES
O conteúdo da presente página, abrange fundamentos litérários teóricos e práticos, técnicas de relaxamento, de auto-motivação na superação de conflitos inter e intrapessoais e obstáculos na execução de tarefas cognitivas e criativas com naturalidade, até o alcance de duas realidades inerentes às nossas realizações: Realidade Subjetiva - Fruto de um desejo interior; Realidade Objetiva - Frutos das necessidades do meio, exteriorizada pelo desejo coletivo.
1. Foco narrativo 1.1 Primeira pessoa: quando o narrador conta a história utilizando a primeira pessoa do singular ou do plural. Neste caso, ele participa da história (narrador-personagem);
1.2. Terceira pessoa: quando o narrador não faz parte da história e fala do personagem na terceira pessoa do singular ou do plural (narrador-observador). Obs.: Muitas vezes o autor fala de si mesmo na terceira pessoa. Como se um aluno contasse o seu dia na escola, referindo-se a si mesmo como ele, o aluno.
2.1. Protagonista – É o personagem principal, o herói (heroína), aquele por quem todos torcem.
2.2.Antagonista - É o personagem que se coloca contra o protagonista, geralmente, nas novelas, aquela pessoa que vive armando situações para prejudicar o personagem principal.
2.3. Coadjuvante – Personagem menos importante, secundário, que faz parte do cotidiano do protagonista ou do antagonista.
2.4. Figurante – Personagem terciário, que apenas aparece para compor a cena, não desempenhando nenhum papel significativo no enredo. Pode até nem ser percebido pelos personagens principais e secundários.
3. Narrador3.1. Narrador-personagem – É aquele que faz parte da história e, por isso mesmo, relata os fatos em primeira pessoa.
3.2. Narrador-observador – É o narrador que, estando diante dos fatos, observa-os e relata o que vê.
3.3. Narrador onisciente – É aquele que, além de observar e saber de tudo o que acontece, tem o poder de conhecer o pensamento, os sentimentos e emoções de cada personagem, como também tudo o que aconteceu e o que está por acontecer.
4. Tempo4.1. Cronológico – O relato se desenvolve numa sequência progressiva e lógica de tempo.
4.2. Psicológico – O relógio e o calendário perdem seu sentido linear. No tempo psicológico o personagem ou o narrador vai à infância e avança à velhice em segundos.
É o tempo da imaginação, do sonho, da lembrança, da saudade. Geralmente, quando aparece o tempo psicológico no texto narrativo, ele marca a presença de um trecho descritivo.
5. Espaço
Estrutura do texto narrativo
Apresentação - A parte que introduz, que dá os dados necessários para a compreensão da anedota, conto, crônica ou qualquer que seja o tipo de texto narrativo.
Complicação ou desenvolvimento - Parte do texto que traz o conflito, problema ou situação que é o ponto central da narrativa.
Clímax - É o auge, o ponto culminante do conflito, seja ele dramático ou cômico.
“Lavador de carros, Juarez de Castro, 28 anos, ficou desolado, apontando para os entulhos: “Alá minha frigideira, alá meu escorredor de arroz. Minha lata de pegar água era aquela. Ali meu outro tênis.”
Obs. Vale ressaltar que, embora, no exemplo acima, a fala do personagem esteja reproduzida dentro do texto, separada da fala do narrador por aspas, é mais comum o discurso direto aparecer com as falas introduzidas por um travessão e pelos verbos dicendi ( disse, respondeu, falou, afirmou etc.)
2. Discurso indireto
O narrador interfere na fala da personagem. Ele conta aos leitores o que o personagem disse, mas conta em 3ª pessoa. As palavras da personagem não são reproduzidas, mas traduzidas na linguagem do narrador.
“Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque”.
Dalton Trevisan. Cemitério de elefantes. Rio de Janeiro,
Guimarães Rosa. Sagarana. Rio de Janeiro,
Observe que o discurso indireto livre representa o “pensar alto”, a exposição do pensamento no meio da narrativa. No discurso direto, o personagem fala. No discurso indireto, a fala do personagem é reproduzida pelo narrador ou por outro personagem. E o discurso indireto livre mostra o pensamento do personagem.
_____________________________
SOUZA, Diego Lucas Nunes de. Descrição. Apostila de Redação e estudos linguísticos - Módulo II. Cataguases, 2011, p. 3 - 7.
Qualidade textual, antes de mais nada, algo que vem com os anos de leitura. Originalidade no tratamento de temas banais. Credibilidade, isto é, a sensação que dá, ao leitor, de que aquilo de fato acontece ante seus olhos.
Muita leitura: textos ficcionais alheios, critica literária, resenhas de jornais e revistas. Mas não só: também textos científicos, textos de História, de Filosofia, de Culinária, de Herpetologia. Nenhum escritor pode dizer que algo não o interessa. Sugiro, também, aconselhamento com quem já está na estrada há mais tempo. E tomar algumas aulas de gramática não faz mal a ninguém, nem que seja para violar as regras.
É a única forma de começar. Não há outra. Depois que um leitor se encanta com um livro, ele o fecha dá um suspiro: “Ah, eu gostaria de escrever como esse cara”. É natural que começará imitando aquele cara. Mas essa é uma doença infantil do escritor – parodiando Lênin. Se a vocação for verdadeira, ele encontrará seu próprio e exclusivo caminho.
Se um escritor se considera pronto é porque cedeu à vaidade da vida literária. E a vida literária nada tem em comum com a literatura. A literatura é uma busca constante. Para lembrar Drummond, é quase uma luta vã. Sempre é possível escrever melhor. Nunca ninguém está pronto – para nada, aliás.
De acordo com estudos neurocientíficos de vários autores, a "pedra angular da boa aparência é sentir-se bem", tendo em vista que para algumas pessoas, os segredos do pensamento podem ser guardados a sete chaves. Infelizmente estão enganados, porque nossos pensamentos cristalizam-se em hábitos que, rapidamente, solidificam-se em circunstâncias que nos acompanham na vida cotidiana.
Assim, estar bem é uma conceituação individual, começando pela nossa auto-exploração de aprender e descobrir como as coisas funcionam melhor para nós. Por isso a importância de se conhecer os diferentes estilos de aprendizagens, para melhor organizar nossas tarefas inter e intrapessoais, tais como: *Produções individuais com controle de nossas ações e reações; *Trabalho em equipe com companheirismo; *Educação da linguagem do olhar; *Trabalho de autoconfiança, verbalização, atenção e concentração, visando desta maneira, trabalhar as estruturas mentais superioras do grupo, partindo de técnicas que contemlam o aprimoramento da oralidade.
As técnicas utilizadas no trabalho de estruturação do grupo "Boca de Leão", no decorrer de cada encontro, servem para alcançar a harmonização ambiental e a equilibração da auto-consciência corporal, cognitiva, emocional, afetiva, social e criativa dos integrantes em grupo.
já foi comprovado cientificamente, que quanto mais nos familiarizamos com o nosso corpo e com as nossas capacidades, mais independentes e eficazes nos tornamos, funcionando a favor de nós mesmos e de nossos semelhantes. E assim, bem familiarizados com o universo teórico e prático da "Oficina Literária boca de Leão, todos poderão concretizar suas metas e objetivos literários em constante harmonia, dentro e fora do grupo.
Como disse Paulo Freire, ante de sua passagem para o plano espiritual: "Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão". Tudo isso porque "ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo". E assim, "a alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo de busca. E o ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura (...)."
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CONHECENDO O ESTILO DE
APRENDIZAGEM
APRENDIZAGEM
Pessoas são diferentes na maneira como elas usam seu tempo, diferentes no seu comportamento perante uma tarefa por fazer, diferentes no modo como elas percebem esta ou aquela situação.
Apesar das pessoas
serem diferentes, únicas e complexas, também são previsíveis. Esta
previsibilidade é o que demonstra o seu estilo de aprendizagem.
Este comportamento
individual sempre intrigou filósofos, psicólogos e educadores durante a
história da humanidade. Gari Jung explicou detalhadamente esta previsibilidade
em seu livro “Tipos Psicológicos”, publicado em 1921. Sua tese
principal é que seres humanos, psicologicamente sadios, poderão apresentar
comportamentos diferenciados, dependendo das circunstâncias, das pessoas e situações.
Apesar dessas adaptações situacionais, cada pessoa inevitavelmente desenvolverá
urna confortável série de comportamentos que serão previsíveis.
Dentro destes critérios,
muitos educadores estão cada vez mais estendendo seus estudos dentro das áreas
da psicologia e da neurologia, o que hoje chamamos neurociência. Portanto,
em sua opinião, qual a melhor maneira de conhecer as diferenças individuais? Pense.
É no conhecimento da
teoria do estilo de aprendizagem e do comportamento cerebral, que nós escritores
também encontramos uma nova maneira de conhecer a nós mesmos e os nossos seguidores.
Estas teorias permitem
um conhecimento mais intenso e mais abrangente do sujeito que aprende parte
fundamental para ampliar novas teorias e praticas de ensino e aprendizagem,
mais amplos e abrangentes, com mais chances de todos serem bem sucedidos
principalmente quando alguém pensa, de si ou do outro, que não há condições de
se fazer algo por falta de condições essenciais à aprendizagem, como se todos
os sujeitos já nascessem prontos e acabados, ou seja, pré determinados á
própria sorte.
Sendo assim, o Estilo de
Aprendizagem, um programa desenvolvido por Bernice McCarthy na década de 80. O 4MAT, é um sistema que identifica 4 estilos de
aprendizagens distintos, quatro preferências ou hábitos de processamento de
informações, como: Experiências concretas, capacidade de observação, experiências
ativas – reflexivas e conceitualização abstrata.
Depois que percebemos as coisas,
processamos. as informações Ao processar os informes, alguns de nós são observadores e outros são
fazedores (mais práticos). Ao justapor os dois modos de perceber com os dois modos de processar,
McCarthy descreve quatro tipos de aprendizes:
Tipo
1 - Inovadores
Tipo 4 - Práticos
[1] Todo o dado deste Teste encontra-se na obra de CUNHA,
C.J. DE A. Manual do Moderador: facilitando a aprendizagem de adultos. Florianópolis:
IEA-Instituto de Estudos Avançados, 2002. A autora deste Teste criou esta 4
figuras para que o sujeito do teste escolha apenas uma figura antes de
preencher o formulário anterior, para depois conhecer o resultado, ou seja,
conhecer o seu Estilo de Aprendizagem. No caso dos professores submetidos a
este teste, o mesmo mostra que o sujeito ensinante ensina de acordo com o seu
estilo de aprendizagem.
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ESTRUTURA DE UM CONTO
No processo de estruturação, os contos passam por duas fases: Oral e Escrita. O conto é uma produção de ficção, que gera um universo de seres e acontecimentos imaginários. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.
Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso.
Por serem formas narrativas, os contos são prosas de menor extensão(no sentido estrito de tamanho), por conterem os mesmos componentes de um romance. Entre suas principais características, temos: a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total. De acordo com a teoria de alguns estudiosos literários, os contos necessitam provocar efeitos singulares no leitor e no ouvinte, como excitação e anseios.
Enquanto narrativa escrita, o conto é uma elaboração curta. O tempo em que se passa é reduzido e contém poucas personagens que existem em função de um núcleo. É o relato de uma situação que pode acontecer na vida das personagens. Pode ter um caráter real ou fantástico, da mesma forma que o tempo pode ser cronológico ou psicológico.
Sua forma pode ser através de expressão ou linguagem; com elementos concretos e bem estruturados, como as palavras e as frases. Neste aspecto, temos os contos para leitura e não para serem contados.
Seu conteúdo é imaterial (fixado e carregado pela forma); são as personagens, suas ações, a história (ver Céu, inferno, Alfredo Bosi).
Há contos de Machado de Assis, de Katherine Mansfield (1888-1923), de José J. Veiga (1915), de Tchecov, de Clarice Lispector, - que se apresentam, por exemplos, como contos que não servem para uma contação de histórias, por não haver nada acontecendo. A sua essência está na forma de narrar e no estilo. No livro “Que é a literatura?”, Jean-Paul Sartre (1905-1980) diz que “ninguém é escritor por haver decidido dizer certas coisas, mas por haver decidido dizê-las de determinado modo. E o estilo, decerto, é o que determina o valor da prosa”.
Para escrever um conto, necessitamos de tensão, ritmo, imprevistos dentro dos parâmetros previstos, unidade, compressão, brevidade, conflito, início meio e fim; sendo que o passado e o futuro têm significado menor, dando lugar ao presente. O flashback (recordação de um fato) pode ocorrer, mas só se absolutamente necessário, mesmo assim, da forma mais curta possível.
É importante observar que para prender a atenção do leitor, é preciso evitar os exageros gestuais e a repetição verbal. Pense como Aristóteles, “para quem a catarse, enquanto experiência vivida pelo espectador ou ouvinte, é condição fundamental para definir a qualidade de uma obra”.
Use, se possível, frases curtas. A clareza vem do cuidado com a estruturação da frase, já que as intercalações excessivas prejudicam a compreensão da intensão.
Sendo uma elaboração curta, na oralidade o conto pode se tornar uma grande narrativa. Sendo assim, o conto precisa de capítulos e parágrafos curtos, ou seja, é preciso respeitar as pausas para que o leitor possa respirar. Por isso, deve-se evitar uma miscelânea de personagens, descrições longas, rebuscamentos de ideias, adjetivos em redundância, clichês, repetições de palavras.
A trama/enredo/tema ou estilo devem ser o mais original possível. O escritor pode programar a trama, os personagens, as situações, conhecer o desenlace, o começo e o final da trama, mas o tom em que se vai narrar a história é fruto da criação imaginária. E nisso consiste o habilidade de um bom narrador, o qual pode fazer uso de expressões faciais, utilização de planos físicos e imaginários (alto, médio e baixo), dosagem temporal, projeção vocal, usa de ironia e humor, graça e imaginação, projeção de imagens virtuais sem confundir a fantasia com a realidade. Contos não necessitam ser obrigatoriamente verdadeiros, mesmo parecendo ser. Por isso, é de uma importância discutível.
Todo escritor necessita de leitura, e para isso precisa ler muito; de preferência os clássicos da literatura e seus gêneros. Não se concebe um escritor sem que antes ele ser um bom leitor. Pense em Sartre: “Mas a operação de escrever implica a de ler... e esses dois atos conexos necessitam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor com o leitor que fará surgir esse objeto concreto e imaginário que é a obra do espírito”. (op. cit.) Pense também em Faulkner: ler, ler, ler, ler, ler...”
Em “Escritores em ação”, Georges de Simenon (1903-1989) dá a “fórmula” para se escrever uma boa prosa: “Corte tudo que for literário demais; adjetivos e advérbios e todas as palavras que estão lá só para causar efeito”.
Todo escritor contista que se preze, procura saber sobre a estruturação dos contos, como parte essencial às suas coordenadas cognitivas, emocionais, afetivas, sociais e criativas.
Processo de estruturação textual:
Quem tem participação ativa nos acontecimentos? - Personagens;
O que acontece? * Enredo;
O que acontece? * Enredo;
Onde e como acontece? * Ambiente e situação dos fatos;
Elaboração de texto narrativo com base em alguns elementos:
O quê? * Fato narrado;
Quem? * Personagem principal e o anti-herói;
Como? * O modo que os fatos aconteceram;
Quando? * O tempo dos acontecimentos;
Onde? * O local onde se desenrolou o acontecimento;
Por quê? * A razão do fato;
Por isso: * A consequência dos fatos.
TEXTO NARRATIVO
Neste tipo de texto, pode-se
escrever uma história, onde a narrativa pode estar na 3ª pessoa ou na 1ª e
vice-versa, ou seja, o narrador está livre para contar uma história em que ele faça
parte dela também.
Narrar é falar sobre fatos. É
o tipo de conto que consiste na elaboração de um texto inserindo episódios
seguidos de acontecimentos.
A narração se difere da
descrição, por ser dinâmica, enquanto a “narração descritiva” é estática, sem
movimentos. Os verbos são predominantes num texto narrativo.
Nos
textos fictícios, mesmo aqueles aparentemente imaginários, o indispensável é a
narrativa, respondendo os seus elementos e sua estruturação.
No texto narrativo, o fato é
o assunto central da ação, sendo o verbo o elemento principal. É importante só
uma ação centralizadora para envolver as personagens com foco e intenções, assim
devendo haver um centro de conflito e um núcleo do enredo, onde os espaços para
a descrição de diálogos e discursos que agucem, mais e mais, a curiosidade do
leitor, são indispensáveis.
Veja este texto narrativo:
Toda a gente tinha achado
estranha a maneira como o Capitão Rodrigo Camborá entrara na vida de Santa Fé.
Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho
puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida e aquele seu
olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar
lá pelo meio da casa dos trinta, montava num alazão, trazia bombachas claras,
botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar
azul, com gola vermelha e botões de metal.(Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)
A relação verbal emissor –
receptor, efetiva-se por intermédio do que chamamos discurso.
A narrativa se
vale de tal recurso, efetivando o ponto de vista ou foco narrativo.
Quando o narrador participa
dos acontecimentos diz-se que é narrador-personagem. Isto constitui o foco
narrativo da 1ª pessoa.
Narrativa na 1ª Pessoa:
Tristeza alheia!
Naquela tarde, próxima ao findar de mais uma semana, parei para conversar com a minha comadre que há muito tempo eu não falava. Percebi certa tristeza no seu olhar e perguntei:
Tristeza alheia!
Naquela tarde, próxima ao findar de mais uma semana, parei para conversar com a minha comadre que há muito tempo eu não falava. Percebi certa tristeza no seu olhar e perguntei:
- Comadre por que este olhar cabisbaixo, e ela imediatamente, respondeu:
- Comadre, meu irmão faleceu na noite passada
e nem eu tive cabeça pra te avisar. Acabo de chegar do enterro. Há tanto tempo sem trocarmos
uma prosa, e justo num momento como esse, é que nos encontramos.
- Terá sido o acaso? Pensei, sem esticar a conversa.
- Terá sido o acaso? Pensei, sem esticar a conversa.
Narrativa na 2ª Pessoa:
Acorda Figueira!!!
Acorda Figueira!!!
Estava um velho torcedor, com o seu
radinho de pilha colado ao ouvido, ouvindo o jogo seguir seu rumo, quando, na sequência da
narração e seus comentários, ele ouviu os torcedores do Figueirense pulando e gritando
sem parar. Mas a torcida do Flamengo também vibrava, já que o time do coração
precisava sair da temerosa zona de rebaixamento. Os minutos finais eram
decisivos para ambos, na disputa da vitória, e para infelicidade do velho
torcedor, o Mengão passou na frente do Figueira.
Os torcedores alvinegros não
gostaram nem um pouquinho de ver o Figueira perder a 14ª partida no Brasileirão. Se continuar
assim, o jeito é ter que aguentar as vaias avaianas, zuando da gente sem parar!
Disse o velho torcedor com os olhos arregalados de fúria, e o coração ardendo feito
brasa viva.
Nessa partida, ninguém teve
chance. Nem Louco Abreu com seu milionário salário, nem o goleirão com suas
mãos hábeis. O estádio quase veio abaixo de tamanha alegria da torcida
adversária, e quase pegando fogo, de tamanha ira da torcida perdedora.
Finalmente, aos quarenta e tantos
sofridos minutos do segundo tempo o juiz apontou para o centro do campo, soltou
o último apito que encerrou a partida.
E vendo derrotado o time do
coração, o velho torcedor atirou o rádio no chão, exclamando pela milésima vez:
__ Nunca mais perco meu
tempo ouvindo essa pouca vergonha!
(Autoria: Claudete T. da Mata, 2012)
TEXTO DESCRITIVO E DISSERTATIVO
Descritivos:
Textos
que descrevem algo, exemplo: você falando sobre alguém de sua família, sobre um
animal de estimação, uma pessoa querida. A linguagem pode ser figurada ou
literal.
Dissertativos:
Serve
para se fazer argumentações sobre determinados assuntos colocados, onde vamos
ter que defender a teoria sobre o assunto em pauta, de preferência na 3ª
pessoa.
RESUMINDO
No texto narrativo, escrevemos uma história verídica ou fictícia; no texto
descritivo escrevemos relatando um
fato ocorrido e no texto dissertativo
escrevemos discorrendo sobre um determinado assunto.
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TIPOS DE CONTOS
Conto de animais: Seus personagens são representados por animais. Este tipo de conto, também chamado de fábula, geralmente termina com uma lição de moral.
Conto de encantamento: Também conhecido como contos maravilhosos, ou contos de fadas, este é o tipo de literatura onde príncipes e princesas enfrentam monstros e bruxas, sendo sempre ajudados por algum elemento mágico, que pode ser uma simples caixinha de papelão com seus poderes inesplicáveis. A história quase sempre tem um final feliz. De narrativa curta à longa, na qual os heróis, ou heroínas, antes de triunfar contra o mal, tem de enfrentar grandes obstáculos. Por isso, este tipo de conto possui características que envolvem magias e seres que se metamorfoseiam em coisas impossíveis, confundindo o real com o imaginário. Este é o tipo de conto difundido desde a Antiguidade, com comprovada influência e relevância na fase infantil, bem como, sua aplicabilidade terapêutica para a resolução de conflitos interiorizados na infância. Cabe-nos ainda salientar que na tradição oral e criativa do Período Medieval até a contemporaneidade, contamos com grandes autores como: Irmãos Grimm, o francês Charles Perrault, que deu vida à Chapeuzinho Vermelho, Bela Adormecida, Pequeno Polegar e Gato de Botas; Andersen, que nos presenteou com a história do Patinho Feio; Gabrielle-Suzanne Barbot, a Dama de Villeneuvee com a Bela e a Fera e Charles Dickens, com o Conto de Natal e a história de Oliver Twist. No Brasil, nossa maior conquista foi Monteiro Lobato, com suas obras que ainda hoje servem de base ao início literário de muitas crianças. são eles, que situando as contribuições mais recentes desta literatura, nos apontam para um processo singular de subjetividade da memória infantil.
Sendo estes os contos transmitidos de geração a geração, que mesmo correndo risco de perder-se no tempo, pela falta de alimentação do imaginário infantil, devido o excesso das novas tecnologias, ainda conseguem manter seu espaço de destaque nas narrativas impressas e orais dos velhos Contadores de Histórias.
Conto de riso: história engraçada, longa e cheia de detalhes acompanhados de humor. Não é piada.Exemplificando: Certa vez, numa festa de interior, um grupo de mulheres falava sobre seus maridos: "Meu marido é isso, aquilo, aquele outro..., enquanto que uma delas, calada no seu canto, ao ser interrogada, sempre respondia: - Meu marido é um simples pangaré! As outras mulheres riam, divertindo-se com a resposta. Nem faziam idéia do tal pangaré. Uma delas, de boca pequena, até comentou entre as colegas: - Então deve ser um bicho de feio! - Hummm... Deve ser mesmo, por isso, ele nunca aparece coitadinha! E os comentários começaram a surgir entre as línguas de trapo - dessas do tipo, sem conteúdo. E festa rolou como todas as festas, até que o Sol pusera-se a dormir, avisando aos convidados que a festa acabara. Já não havia mais o que comer, nem beber. Mas as línguas de trapo, bocejando daqui e dali, numa abrição de boca sem parar, parecendo grudadas nas suas cadeiras, não iam embora. Mas eis que de repente, o tal pangaré chega de braços com a filha. Homem bem trajado e cheiroso, a distribuir simpatia, parecendo um Éros. Foi uma surpresa só. Se os demais convidados estavam bocejando, ao ver o pangaré da colega, ficaram de queixos caidos.
De supetão, a aniversariante embevecida, já não se aguentando mais de pé, falou num suspiro só:
- Minha nossa, este é o pangaré de quem ela nada falava? Meu anjo da guarda é um cavalão!!! Neste pangaré, digo, neste cavalão, com o perdão da palavra, até eu montaria se me permitissem. As convidadas de queixos caídos esbugalharam os olhos e abriram suas bocas até esgaçar. E a mulher dotal pangaré, levantou-se e foi embora com o seu cavalão. O resto da mulherada, abismada aos poucos foram esvaziando o salão. A dona da casa, pobre mãe, não se aguentava de tantas dores nas costas e nas pernas. Como de costume em todas as festas, foi a única a não ver nada, senão além de amanhecer toda quebrada, no dia seguinte, também não poderia comer mais nada por um bom tempo, se tivesse esgaçado sua boca feito as suas convidadas.
Esta, eu costurei daqui e dali!
Conto de origem: São os mais antigos de todos e já aparecem em culturas muito primitivas, explicando como surgiram seres, objetos... Está próximo dos mitos e das narrativas
religiosas, por exemplos, as que contam como os seres considerados deuses fizeram o mundo e algumas coisas que nele existe. Aqui o uso de arquétipos se faz necessário, e os exageros míticos vem acompanhados por metáforas que retratam crenças e crendices fabulosas.
Conto de sabedoria:
história que apresenta uma lição de vida. Também
conhecida como conto de exemplos.
Conto acumulativo: É um
tipo de conto, onde todos os elementos que entram na história são repetidos,
sempre na mesma ordem, até o fim.
Contos maravilhosos: É o tipo de conto que lida com determinada
temática social, onde o herói (ou anti-herói) é uma pessoa de origem humilde ou
que passa por grandes privações, mas triunfa ao conquistar riqueza e poder.
Contos populares: Fruto da oralidade inventiva, passada de geração a
geração. Criado, narrado e ouvido pelo povo. Testemunha de usos, costumes,
ideias, práticas, saberes, decisões e julgamentos. Têm múltiplas características,
como o humorismo e as situações imprevistas, morais e/ou materiais.
Contos modernos: É um tipo de narrativa não muito longa (história
curta de fatos fictícios) em que o narrador se detém num momento especial, ou
seja, a ação se concentra em um único ponto de interesse um conflito maior
vivido pelos personagens. Normalmente, contam histórias voltadas para o
cotidiano.
Conto de
assombração: A história gira em torno
de seres fantásticos, onde se mistura o real com o imaginário, próprio para
provocar arrepios, comoção e até o medo maior de pavor. Aqui aparecem seres de
todas as formas e origens, os quais se metamorfoseiam em coisas impossíveis. São contos da tradição oral
Conto de infância: Este tipo de história surge de relatos da infância
seja do próprio autor ou de experiências observadas por ele. Aqui, o processo
de produção literária pode sofrer alterações, sem modificar o foco e a intenção
da vivência. Também pode ser construído um enredo proveniente de vivências de
terceiros (Acontecimentos extraído da memória de outros.), onde o escritor
autoral pode fazer uso do ditado: “Em cada conto se aumenta um ponto”.
Ao longo de todos os processos de produção literária, os integrantes aprenderão sobre:
Ao longo de todos os processos de produção literária, os integrantes aprenderão sobre:
*
Identificação dos elementos organizacionais dos contos, com o conhecer de elementos
que compõem uma narrativa a partir de pesquisas;
*
Identificação da finalidade de cada gênero textual;
*
Identificação das práticas sociais de produção e circulação dos contos;
*
Aquisição de diferentes técnicas de narração de histórias, compondo a arte de manipulação de bonecos contadores de
histórias, na preparação de saraus com histórias de animação.
Por ora, a partir das definições
acima, os integrantes da “OFICINA LITERÁRIA BOCA DE LEÃO”, terão como tarefa de estudo e pesquisa, a classificação dos textos lidos nos encontros anteriores, objetivando a
aquisição de suas respostas. Serão questionados sobre outros contos que se
encaixam nas classificações estabelecidas acima, relatando a existência de
outros tipos de contos e outras classificações, como: Contos
etiológicos, contos africanos, contos de terror, contos de humor etc.
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CONTOS DOS IRMÃOS GRIMM: JACOB E WILHELM - Entre 1785 e 1863
Inseridos num contexto histórico alemão de resistência às conquistas napoleônicas; os Irmãos Grimm recolhem, diretamente da memória popular, as antigas narrativas, lendas ou sagas germânicas, conservadas por tradição oral. Buscando encontrar as origens da realidade histórica germânica, os pesquisadores encontram a fantasia, o fantástico, o mítico em temas comuns da época medieval. Então uma grande Literatura Infantil surge para encantar crianças de todo o mundo.
Tinham dois objetivos básicos com a pesquisa:
- levantamento de elementos lingüísticos para fundamentação dos estudos filológicos da língua alemã;
- fixação dos textos do folclore literário germânico, expressão autêntica do espírito da raça.
O primeiro manuscrito da compilação de histórias data de 1810 e apresentava 51 narrativas. Em sua primeira edição, a compilação foi entitulada "Histórias das crianças e do lar" e já contava com mais algumas histórias. A qüinquagésima edição, última com os autores vivos, já totalizava 181 narrativas. Algumas dessas estórias são de fundo europeu comum, tendo sido também recolhidas por Perrault, no séc. XVII, na França (o que remete à existência de uma fonte comum).
Na tradição oral, as histórias compiladas não eram destinadas ao público infantil e sim aos adultos. Foram os Irmãos Grimm que dedicaram-nas às crianças por sua temática mágica e maravilhosa. Fundiram, assim, esses dois universos: o popular e o infantil. O título escolhido para a coletânea "Histórias das crianças e do lar" já evidencia uma proposta educativa. Alguns temas considerados mais cruéis ou imorais foram descartados do manuscrito de 1810.
Ex: Confrontando os finais da estória do "Chapeuzinho Vermelho"; em Perrault (que termina com o lobo devorando a menina e a avó) e em Grimm (onde o caçador chega, abre a barriga do lobo, deixando que as duas vivam vivas e felizes; enquanto o lobo morria com a barriga cheia de pedras que o caçador ali colocou...).
Vários críticos afirmam serem as histórias dos Grimm incentivadoras do conformismo e da submissão. Ainda assim, a permanência dessas narrativas, oriundas da tradição oral, justificam o destaque conferido a estes autores alemães.
Nos Contos de Grimm não há, propriamente, contos-de-fadas, distribuem-se em:
- contos-de-encantamento (estórias que apresentam metamorfoses, ou transformações, por encantamento, a maioria);
- contos maravilhosos (estórias que apresentam o elemento mágico, sobrenatural, integrado naturalmente nas situações apresentadas);
- fábulas (estórias vividas por animais, algumas);
- lendas (estórias ligadas ao princípio dos tempos, ou da comunidade, e onde o mágico aparece como "milagre" ligado a uma divindade);
- contos de enigma ou mistério (estórias que têm como eixo um enigma a ser desvendado);
- contos jocosos (humorísticos ou divertidos).
A repetição, ou reiteração, juntamente com a simplicidade de problemática e da estrutura narrativa, é outro elemento constitutivo básico dos contos populares. Da mesma forma que a elementaridade, ou simplicidade da mente popular, ou da infantil, repudia as estruturas narrativas complexas (devido à dificuldade de compreensão imediata que elas apresentam), também se desinteressam da matéria literária que apresente excessiva variedade, ou novidades que alterem continuamente as estruturas básicas já conhecidas.
Essa reiteração dos mesmos esquemas, na literatura popular-infantil, vai, pois, ao encontro da exigência interior de seus leitores: apreciarem a repetição das "situações conhecidas", porque isso permite o prazer de conhecer, por antecipação, tudo o que vai acontecer na estória. E mais, dominando, a priori, a marcha dos acontecimentos, o leitor sente-se seguro interiormente. é como se pudesse dominar a vida que flui e lhe escapa ...
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"São duas coisas muito diferentes, porém ambas muito importantes. Um texto escrito segue as normas da língua escrita, que são completamente diferentes daquelas da linguagem falada. Quando uma criança ouve a leitura de uma história ela introjeta funções sintáticas da língua, além de aumentar seu vocabulário e seu campo semântico. Porém, aquele que lê a história deve dominar a arte de contá-la, estar preparado suficientemente para fazê-lo com apoio no texto, sabendo utilizar o livro como acessório integrado à técnica da voz e do gesto.
Além disso, quem lê para uma criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história; promovendo seu encontro com a leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo de leitor e desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro.
Há opiniões divergentes neste campo: alguns autores consideram que o contador sem o livro tem mais liberdade de acentuar emoções, modificar o enredo segundo as reações da criança e portanto, melhor comunicação com o público infantil. Teria ainda mais disponibilidade para trabalhar sua voz e seu gesto.
Somos partidárias, neste aspecto de que o importante é como ler e como contar, porque é preciso que se tenha técnica e preparo para despertar o desejo e o prazer das crianças."
Este texto faz parte do artigo A importância de contar histórias para as crianças de Cláudia Marques Cunha Silva.
Fonte de Pesquisa
http://bibliotecaceciliameireles.blogspot.com.br/
Psicologia em Revista, Belo Horizonte. Agosto de 2009.
http://bibliotecaceciliameireles.blogspot.com.br/
Psicologia em Revista, Belo Horizonte. Agosto de 2009.
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CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "IRMÃOS GRIMM: JACOB E WILHELM (ENTRE 1785 E 1863)" [online]
Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/autores/grimm/grimm.htm
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UMA CONVERSA SOBRE COMPROMETIMENTO ÉTICO DO ESCRITOR E SEUS PERSONAGENS
Setembro é um mês consagrado às
flores e ao amor, por que não! Amor que renasce no seio da Mãe-Natureza, quando
nesta estação podemos ver os pássaros alçar seus voos ao som de múltiplas
melodias, que só eles sabem fazer. Eles que não precisam frequentar aulas de
canto, nem teoria musical, porque nascem afinados e preparados para enfeitar a
o Jardim Universal com seus cantos bem elaborados, cada qual no seu próprio
ritmo...
Então, façamos como os pássaros, porque somos poetas literários, mesmo que escrevamos romances, contos, novelas, crônicas ou qualquer outro gênero em prosa.
Então, façamos como os pássaros, porque somos poetas literários, mesmo que escrevamos romances, contos, novelas, crônicas ou qualquer outro gênero em prosa.
Ao transformar o que já existe e
sem fazer de conta que é meu, aprendi a arte da releitura, reinventando o que
ouvi e presenciei, sem assumir minha total autoria. Por isso deixo sempre
registrado: “Uma releitura de..., baseada no conto Fulano de Tal, do autor...”.
Sei que quanto mais leio as obras
de terceiros, mais aprimoro minhas competências cognitivas, imaginativas e
criativas, na busca de minha própria autoria.
Desta forma, não vou falar de
nenhum texto literário, mas do envolvimento do autor autoral com seus personagens, uma relação
inevitável à vida do texto.
No processo de produção literária
necessitamos de intimidade com os personagens adotados, para saber sobre seus
gostos gastronômicos, suas características físicas, seu modo de andar, de
olhar, de falar, de seus sentimentos mais íntimos, seus hábitos cotidianos, seus
costumes...
Quando se trata de um personagem
baseado na vida real, o autor necessita de pesquisa e estudo que lhe ofereça
substratos necessários à sua construção, sem que os elementos de pesquisa
interfiram na construção do imaginário.
Assim, sem perder de vista o foco e a intencionalidade da trama, o material coletado vai ganhando nova vida. Seu o personagem real é João, passará a ser chamado de Manoel. Mas isso não impede que o nome real continue o mesmo, desde que o escritor assuma sua autoria.
Assim, sem perder de vista o foco e a intencionalidade da trama, o material coletado vai ganhando nova vida. Seu o personagem real é João, passará a ser chamado de Manoel. Mas isso não impede que o nome real continue o mesmo, desde que o escritor assuma sua autoria.
Exemplificando: quando criei a
personagem “Vó Filomena”, não escrachei suas reais características, mas, fiz
uso de algumas delas, como: seu jeito de falar, tom de voz carregada de
austeridade na sua comunicação com crianças, ar de velha matreira sempre de
olho em tudo o que acontece de diferente ao seu redor.
Essa personagem foi criada em
homenagem á minha avó materna, Vó Filomena, sempre comunicativa com os netos, porém,
muito exigente com todos. Ela não fazia rodeios e nem escolhia palavras para
contar seus causos e cantar seus versinhos cheios de maldades e ligados á
sexualidade. Suas características físicas eram bem próximas de minha
personagem: Nariz grosso e longo, olhar fixo expressivo, postura séria,
dorminhoca e roncadora. Quem não a conhecia, tremia de medo diante de sua aparência
austera.
Diante desta descrição, desejo
mostrar que todo escritor autoral, precisa gostar de seu texto. Por isso, antes
de concluir sua produção, por exemplo, um conto, o ideal é que faça uma leitura
da mesma a alguém, para que se este entendeu, ou não, as suas intensões, se
gostou do texto, dos personagens, o que ele tem a lhe dizer sobre o que ouviu. Se
for um romance, peça que este alguém faça uma leitura, e depois comente sobre o
que leu. Assim será mais conveniente ao autor, o encaminhamento à revisão
literária.
Em síntese, toda propriedade autoral deve sugerir ao leitor, no mínimo quatro
finalidades:
1) Despertar
o prazer pela leitura;
2) Infundir
a curiosidade pelos conhecimentos;
3) Despertar
o desenvolvimento humano a partir do imaginário;
4) Resgatar
a criança interior que tudo quer saber, sentir, viver e ser.
Autoria: Claudete T. da Mata, Setembro de 2012.
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