terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O PEQUENO OURIÇO!



Queridos leitores, há quem possa pensar: "Por que será que a Coordenadora da Oficina Literária Boca de Leão não está postando as produções do grupo, seus eventos do mês de outubro, novembro e dezembro, ao invés de postar estes filmes? Acabou a criatividade?"

Nada além do prazer de resgatar algumas narrativas retratadas de maneira fantástica, que há anos venho narrando sem saber de onde elas vêm , mesmo sabendo que elas não conseguiriam assumir o lugar de todos os acontecimentos que envolveram o Grupo Boca de Leão, ao contrário, estou organizando todos os relatórios dos meses citados, suas fotos e filmagens. São muitos dados a serem refletidos, estudados e reformulados para que vocês possam ter um material a ser compartilhado.

Os filmes postados fazem parte da coletânea de contos da tradição oral europeia, que venho catalogando há muito tempo. O filme do Ouriço, por exemplo, é uma história que ouvi por meio de uma narradora da Universidade Federal de Santa Catarina, quando fui até ela e perguntei sobre a sua origem, sem uma resposta assertiva, decidi fazer uma releitura dele há mais de 8 anos, cuja recriação fará parte das narrações de meu livro a ser editado em breve. Nele, sem saber do contador de histórias que narra este filme, criei uma personagem bem parecida, a Tia Marixa, uma velha contadeira de histórias - assim conhecida pelas crianças e adultos da vizinhança que sempre a procuram para saber de objetos perdidos, amores que se foram... E ter momentos de alegria com suas narrativas do "arco da velha". Ela tem o Puff, um cão preto que adora ouvir histórias. Ao redor dos dois, fica um grupo de crianças muito perguntadeiras. São crianças com nomes estranhos e de quase todas as raças. Tem até um "menino lobo". Gosto de narrativas com gente que se metamorfoseiam em coisas impossíveis e quase reais, onde os animais nem sempre aparecem como seres sem imaginação, parecidos com muitos seres humanos, mas que os surpreende pela capacidade de ver o mundo ao seu redor.

Minhas descobertas estão acontecendo e alimentando ainda mais o meu universo simbólico. Na medida que os encontro, algumas narrativas são salvas como rascunho e outras são compartilhadas com vocês para que não se perca a magia dos contos da literatura oral, heranças da nossa ancestralidade, do nosso processo de criação do inimaginável, do nosso desejo de ser, de fazer e de estar no mundo... Ou você já viu próximo de sua casa, famílias tão complexas como essas que "El Narrador de Cuentos" nos mostra sempre acompanhado do seu amigo fiel, o cão da época em que os animais também opinavam, já viu? Se viu, compartilhe conosco deixando a sua mensagem.

Em 2015 estarei de volta com todos os relatórios do Grupo Boca de Leão.

TENHAM TODOS UM NOVO ANO REPLETO DE PAZ, SAÚDE, MENTE SAUDÁVEL E MUITA PROSPERIDADE!

Autoria: Claudete T. da Mata - últimos dias de dezembro de 2014.    

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O GIGANTE SEM CORAÇÃO!



Quem disse que Gigantes não têm coração? Se não tem, em algum lugar ele deve estar. Você seria capaz de procurar?

domingo, 28 de dezembro de 2014

OS TRÊS CORVOS!



Palavras fluem do Imaginário como joias que saem do coração para Contar e Encantar crianças, jovens e adultos até a ultima idade. E a grande descoberta da humanidade saiu aos quatro ventos a narrar os nossos segredos...

Pelas portas do coração saem todas as verdades, muitas vezes, em forma de contos que alimentam a alma e abrem outros corações. E para conseguir contar e abrir outras portas, muitos precisam seguir um rolo de cordão para ir ao encontro dos segredos do coração - um mundo cheio de verdades que se metamorfoseiam em coisas inusitadas. Por isso as crianças passam a infância brincando, inventando e reinventando o mundo. Enquanto isso, os adultos passam a vida tentando resolver coisas e mais coisas. Eles até conseguem resolver um pouco de quase tudo, mas na falta de imaginação acabam deixando muito do que desejariam resolver para trás. Muitos adultos, por esquecer da criança sobrevivente no seu interior, entregam-se ao desespero e envelhecem de fato, enquanto outros resolvem dar tempo ao Senhor Tempo e, como num sonho a muito tempo não sonhado, recobram a capacidade imaginativa e conseguem grandes realizações.

Enquanto a vida segue, as Palavras do Imaginário tomam forças, conquistam o mundo e devolvem aos gigantes os seus corações. Enquanto isso os pequeninos continuam a brincar, a ouvir a voz do coração e a reinventar as coisas.

Claudete T. da Mata - Anotação feita às 08:28 da última quinta-feira de 2014.

sábado, 6 de dezembro de 2014

VELHO JOÃO O FILHO DA BRUXA!

Há muitos anos atrás, numa sexta-feira de lua cheia, lá pras bandas do Sertão do Ribeirão da Ilha de Santa Catarina, antiga Nossa Senhora do Desterro, num milharal próximo à praia da freguesia do Ribeira, um saragaço soava longe. Parecia miado de gato pequeno, misturado a latidos de cachorros. próximo do local, uma velha benzedeira, assustada, acendeu a pomboca e foi até a janela para ver o que se passava. Lá fora, bem longe de sua casa ela conseguiu avistar uns cães do mato a latir sem parar.
- Crux-credo... Elex tão doido, é? Xiiiiiiiiiiiii... Devi sê as marvada dax bruxa nax andança noturna, só podi.
Enquanto a benzedeira assoprou a pomboca e resolveu se deitar após uma reza de proteção contra os atos bruxólicos, um pescador em alto mar, ouviu um choro de criança recém-nascida que vinha  de trás de um milharal, em terra firme. O local ficava nos fundos da casa de sua comadre benzedeira que nessa hora já estava a roncar.
O lugar dava de frente para o mar e lá de dentro de sua canoa, o pescador que era o mais velho entre os outros que o acompanhavam na pescaria, chamou a atenção dos amigos.
- Vancês tão oivindo o queu tô?
Um dos pescadores retrucou enquanto outros riam:
- Tô não cumpadi... O cumpadi que me dixcurpe, maix deve sê cousa da tua baça, visse? Onde já se viu oiví choru dei guri piqueno nessa dixtânça, homi di Deux?
O velho pescador que tinha o costume de perder as estribeiras ao ser provocado, levantou da ponta da gaiuta e falou:
- Poix intão acabou essa pexcaria!!! Vamu todo mundo de vorta pra bera da praia e aí vamu vê se isso é cousa da minha cabeça, visse cumpadi!!!
Como era muito conhecido pelos seus rompantes, que eram de deixar qualquer um sem saída, ninguém quis contrariá-lo e voltaram para ver que choro era aquele que só o velho pescador estava a ouvir.
Ao se  aproximarem do local, seguindo o choro de criança, que ora parecia miado de gato, ora parecia ganido de cachorro, o choro ficava cava vez mais próximo. E, para surpresa de todos, o pescador mais velho, já um tanto irritado, o José Tião, mais conhecido por Zé das Pedras, encontrou no meio do milharal uma criança recém-nascida enrolada em panos velhos, sobre as palhas de milho no meio do milharal.
A criança parecia estar enrolada numa coberta de pluma de pato, de tão quentinha que estava. Era um menino de olhos grandes e cheios de lágrimas que banhavam o seu rostinho miúdo. Ele olhou os pescadores um por um e mostrou um discreto sorriso para um dos pescadores, feito um ser encantado.
Para a admiração de todos, o pescador mais novo do bando pegou o menino e o abraçou fortemente como se já o conhecesse há muito tempo. Os olhos da criança faziam ele lembrar do olhar de uma pessoa muito querida para ele. Foi então que o bando de pescadores fez um grande saragaço.
- Maix veja só, não foi qui o gurizinho goxtô dele?!
- Sei não - disse outro pescador - inté pareci cum essaí!!!
E, com todos falando ao mesmo tempo e cada um dizendo algo diferente, ninguém percebeu que o menino calou e dormiu tranquilo no colo quentinho do Zezé, o pescador mais novo.
Depois do saragaço veio a calmaria que organizou as ideias dos pescadores que, agora mais calmos, foram à procura de uma solução.
Alguém precisava ver se a criança era menino ou menina.
Foi então que o seu Vivinho, o pescador mais velho de todos, teve a ideia de levar a criança para alguma mulher da redondeza. E, veio à ideia de todos, levar o recém-nascido para a Dona Sissa, aquela que foi até a janela antes do seu Vivinho ter ouvido o choro da criança.
Além de precisar saber se a criança era menino ou menina, eles também pensaram ao mesmo tempo que o recém-nascido deveria ser benzido. E, logo veio à cabeça do Zezé, que a Dona Sissa, que era uma benzedeira de mão cheia.
- Gente, achu que além da genti vê si essa criança é isso ô aquilu, si ela tivé imbruxada vai tê que sê benzida. Intão vamo logu pra casa da sinhá Sissa, vamu?
Dona Sissa, que já estava roncando embaixo das cobertas, acordou e acendeu a pomboca para atender o chamado do seu Vivinho. Ela  pegou a criança e ao ver que era um menino, o olhou da cabeça aos pés... E, sem nada encontrar, fez sobre ele uma reza de proteção, que era assim:
"São Pedro, salva-me bem que me vou.
Jesus Cristo foi Batizado.
Na arca de Noé me meto.
Com as chaves de São Pedro me fecho,
Para que nenhum mal te aconteça.
E tudo quanto perder, apareça.
A Jesus me entrego,
E a Jesus um credo rezo.
Amém!”
Depois desse benzimento, Dona Sissa colocou um "brebe" de proteção no pescoço do menino, para que ele ficasse protegido de todos os males do corpo e da alma. Em especial, contra os atos bruxólicos. Bem sabia ela que as bruxas malvadas gostavam de chupar sangue de criança pequena, fazer nós nos seus cabelos e beliscá-los para fazê-los chorar durante à noite. E, o menino ficou bem protegido. A benzedeira o banhou e lhe deu leite de cabra para ficar forte e enfrentar a vida.
Mas alguém precisava adotar o menino. E quem faria isso? O Zezé que, ao recusar a ideia, ouviu da Dona Sissa:
- Mô fio, agora toma qui ele é teu... O gurizinho vai si dá bem cuntigo, mô fio. Ele é teu, sabiax?
O menino, que parecia entender o que a benzedeira falou, se agarrou no braço esquerdo do Zezé parecendo querer ficar com ele. Por sua vez, ao olhar nos olhos do menino, Zezé soltou uma frase que surpreendeu os amigos.
- Ele vai se chamá João!
Assim, o tempo passou e João já não era mais um menino. Agora era o Velho João, aquele que nasceu lá pras bandas da praia do Ribeirão.
Certo dia, ele acordou de madrugada com um barulho vindo de sua cozinha. E, pé por pé, Velho João saiu de seu quarto, desceu a escada, e assustado com o que seus olhos viram, se agachou e congelou bem no meio da escada.
Agachado e agarrado ao corrimão da escada, Velho João viu um bando de bruxas na sua cozinha a colocar gravetos no fogão à lenha para cozinhar as suas mandingas no maior saragaço. Elas tagarelavam suas tramas bruxólicas, que de tão alto, dava de se ouvir lá do outro lado dos confins do mundo. Nessa noite, as bruxas planejavam uma festa na beira da praia... E, nesse momento, a bruxa mais velha do bando falou alto e aos gritos para chamar a atenção da bruxarada:
- Meniiiiinas!!!... Tô sentindo cheiro de homem... Vassoura, vassoura matreira!!! Saia já daí e veja quem é... Ande logo sua molenga!!!
Nesse instante, a vassoura que estava encostada atrás do fogão à lenha, espionando tudo, saiu correndo, subiu a escada e se meteu entre as pernas do Velho João. E, dando uma rodopiada pela cozinha, a vassoura saiu janela afora. E os dois subiram até às alturas.
E lá se foi a vassoura levando o Velho João, aquele que um dia apareceu chorando lá pras bandas do Ribeirão.
Dizem que a vassoura voou por todo  o Ribeirão da Ilha de Santa Catarina, com o Velho todo desengonçado na sua garupa. Os dois foram até o Centro da antiga Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, e lá das alturas, sobre a velha figueira da Praça XV de Novembro, Velho João viu um bando de crianças em círculo e no meio delas estavam alguns palhaços se apresentavam com suas palhaçadas e as suas estripulias. Eles cantavam, tocavam seus instrumentos musicais e dançavam freneticamente. E a criançada ria, aplaudia e gargalhava.
Lá das alturas, Velho João, ainda tonto e sem prática de voo sobre vassouras, caiu bem no meio dos palhaços e suas travessuras. Foi então, que a plateia riu mais ainda ao pensar que aquilo fizesse parte da palhaçada.
Velho João, que de bobo não tinha nada, saiu dançando feito criança. E, entre o riso da gurizada, ele pulou no meio da roda e dos palhaços e dançou feito criança. Envolvido nesse mágico momento, ele até esqueceu das dores nos joelhos e nas suas costas arcadas pelo tempo. Seus cabelos ralos, pareciam fios dourados banhados pela luz do sol. Parecia estar além dessa noite arrepiante.
Depois de muito pular, cantar e dançar, Velho João sentiu uma saudade louca de seu travesseiro, o seu maior companheiro. Enquanto isso, lá escondida atrás da "velha figueira", a vassoura matreira, ao ver a alegria estampada no semblante da gurizada, beliscou um fiapo de suas palhas e matutou:
- Ah... Velho João, Velho João, chega de brincadeiras... Nunca vi dentro de uma só pessoa tanta felicidade! Meu menino é hora de parar com essas travessuras e voltar para casa. É por isso que...
E mal a vassoura acabou de matutar, saiu em disparada e se meteu entre as pernas do Velho João. E os dois voaram de volta lá para a praia do Ribeirão.
De repente, em casa, Velho João se viu embaixo do colchão, com seu pijama listrado e todo amarrotado. Assustado e agarrado ao velho travesseiro, o seu maior companheiro, o velho matreiro sussurrou de si para consigo:
- Velho João, velho João o que que é isso homem? Já sei, continuou ele - devo tá sonhando demais. Deve ter sido aquela feijoada cheia de gostosuras. E foi coçando a velha careca que Velho João sentiu um arrepio acompanhado de um calafrio que abraçou o seu corpo enrugado. Nesse momento arrepiante, ele segurou o "brebe" e o apertou bem forte ao peito e falando alto, dizendo:
- Jesus, Maria, José... Protejam-me! Amanhã é dia de levantar antes das galinhas e preparar as minhas ervas pra benzer as crianças e quebrar os maus olhados, as arcas caídas... E à noite ainda quero pescar umas tainhotas bem gordas, pra comer com "pirão  de nalho". Esse "conduto" não vai me dar pesadelo. E, nesse exato instante, a janela do quarto se abriu deixando entrar casa adentro uma ventania com cheiro de maresia misturada com enxofre.
Era o Vento Sul que varria tudo o que via pela frente.
Além do vento algo puxou a barra do pijama de Velho João, que imediatamente, num só pulo, enfiou-se embaixo do colchão. E, lá fora da casa, uma voz dizia alto e em bom tom:
- Velho João, Velho João... Agora ouve tua mãe, aquela te deixou nascer lá no meio do milharal da praia do Ribeirão... Dizi ax fofoquera, que éx fio de bruxa, maix não liga não mô fio, i durma im pax qui eu também ti proteju!!! Purissu tu nunca caisse da vassora quandu avuavax cum ela, ti alembra? I óia qui mi dessi um monti de netu bem bunitu, vissi? Ahahahaha...
E essa risada ficou para sempre na cabeça do Velho João, o filho da bruxa. E sua história ficou na memória de algumas pessoas de sua família, lá do Sertão do Ribeirão da Ilha da Magia de Santa Catarina.
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Autoria de Claudete Terezinha da Mata. Conto que faz parte da sua vivência e elaborado textualmente, em 2007, após ter participado do curso de formação de contador de histórias pelo SESC/Prainha, com Cléo Busatto - história narrada, quase sempre, em todos as suas narrativas, sendo a mais recente em 7 de dezembro de 2014 em Urussanga, com o grupo de escritores da ACPCC, num de seu eventos de lançamento literário. Em 2011 narrei o Velho João na Feira do Livro em Palhoça/SC, num jogo de improviso com a escritora Inês Carmelita Lohn, e em 2012, na abertura da "Oficina Literária Boca de Leão" para mostrar ao público iniciante como um escritor contador de histórias necessita proceder numa narrativa cênica ao fazer uso da literatura oral com o auxílio dos elementos de cena, como: Máscaras, roupas e outros instrumentos, bem como, a utilização de planos físicos, tipo e impostação de voz, expressões corporais, delimitação de pausas numa contação de histórias, cuidados com o vocabulário, controle da respiração e mudança da voz na representação dos personagem. Este conto pode ser encaixado em diversas categorias e gêneros - um deles pode ser contos bruxólicos e contos de assombração. Tenho o hábito de escrever este conto a cada apresentação que faço, assim preservo o que vivi na minha meninice na Ilha onde nasci, fui criada e educada, aprendi a andar, tive meus dois filhos e onde me tornei uma contadora de histórias e escritora da memória. Um dia ainda conseguirei escrevê-lo definitivamente e editá-lo.
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A benzedura feita nesta criação é considerada um "responso" que faz parte das orações populares rezadas aos santos para que nenhum mal nos aconteça e também para que possamos encontrar coisas extraviadas ou perdidas. Mas a que sempre rezo nas contações de histórias é outra porque ainda não consegui memorizar esta. O "brebe" é um saquinho com ervas bentas, feito pelas benzedeiras que colocam no pescoço das pessoas como um amuleto de proteção. O pirão de nalho, de origem indígena e mantido pelos açorianos, é o conhecido pirão feito farinha de mandioca e água fervente para deixá-lo bem escaldado. Os antigos também faziam o pirão de pinto que era feito com a mesma farinha e água fria. Eles também faziam pirão de café fervido para comer com peixe frito e outros condutos (berbigão, peixe, camarão e carne seca, todos ensopados sobre o pirão).

OBSERVAÇÃO DA AUTORA: queridos escritores, estou publicando este conto após ter passado por uma situação embaraçosa, envolvendo a citada escritora que me levou aos meus arquivos antigos e resgatar este conto que faz parte da minha meninice e como procuro manter o texto completo no meu blog "No Caldeirão da Mulher Celta", prefiro escrevê-lo em outros meios do jeito que acabo de escrever. Hoje também publiquei no site Recanto das Letras onde tenho vários contos de minha autoria e alguns adaptados por mim. Ele também se encontra dentro do meu livro "Memórias", ainda em espera para revisão final e publicação.

Ainda estou procurando nos arquivos deste blog do Grupo Boca de Leão, uma publicação que fiz em 2013 quando narrei o Velho João no dia 24 de julho de 2012. Não estou encontrando, por esta razão, solicito a quem encontrar que me avise por e-mail: claudetedamata@gmail.com - por gentileza!

Eu agradeço a confiança de todos e em breve estarei postando todos os relatórios não registrados, dos eventos da nossa oficina. OBRIGADA A TODOS OS MEUS LEITORES!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

ESTEJAM CONOSCO NESTE DIA ESPECIAL!



Claudete T. da Mata
Mentora da 
Academia Brasileira de Contadores de Histórias:
 A PRIMEIRA DO BRASIL!

domingo, 26 de outubro de 2014

DIA 16 DE OUTUBRO: ANIVERSÁRIO DE UM BRUXO DA ILAH DA MAGIA, O PATRONO DA PRIMEIRA ACADEMIA BRASILEIRA DE CONTADORES DE HISTÓRIAS - SECCIONAL SC.

 

FRANKLIN CASCAES
Seo Frankolino ia onde as histórias estavam.

Diz a Senhora História que há muitos anos, lá no século passado, um bando de bruxas muito malinas resolveu se reunir na praia da ponta de Itaguaçu, antigo vilarejo do município de São José da Terra firme. Era uma sexta-feira de lua cheia, quase beirando a primeira hora de sábado. As malinas costumavam frequentar esse lugar para tramar as suas malinagens. Mas nessa note o assunto era sério: Elas estavam vendo o próprio fim e só uma pessoa conseguiria imortalizá-las.

Nessa noite, com a lua parecendo encostar nas águas do mar, o bruxedo foi chegando. A primeira a chegar foi a bruxa Malvina, que costumava colocar sal da mamadeira dos bebês. Os pobrezinhos pareciam vomitar a até as tripas, de tão reviradas que elas ficavam. 

A segunda a chegar foi Tiaga. Ela chegou contando o que fez durante a sua viagem até o local da reunião.

- No caminho pra cá, peguei um tantão de criancinhas de colo e fiz cócegas nos seus pezinhos até elas se afinarem de tanto rir. E, quando as mãe correram pra ver o motivo de tantos risos, ficaram apavoradas. As crianças ficaram de olhos tão arregalados que pareciam saltar da cabeça. Então elas pegaram as risonhas e as sacudiram até as criaturinhas voltar ao estado normal.

- Essa Tiaga não cria jeito, né? - retrucou a Malvina parecendo uma santa.

Depois da Tiaga chegou a Laurita, uma bruxa muito engraçada. Mas na só na aparência. Ela era muito mal humorada. Sempre chegava tropeçando em algo e e intrometendo na vida de alguém. Desse vez ela pegou no pé da Tiaga.

- Tiaga, já aqui? Depois das vassouradas que te deram, pensei que não vinhas. Pensa que não vi quando saísse no pelo daquela gata barulhenta, é?

E as duas começaram a discutir, até que Malvina entrou no meio das duas separando-as com uma vassourada nas costas de cada uma delas.E nessa muvuca, chegou a Jurema, uma bruxa sorrateira.

- Meninas, o que é isso? Meu faro nunca me engana. Quando eu tava vindo pra cá imaginei como seria se a Laurita chegasse antes de mim - um desastre. E não que foi? Essas duas merecem mais que vassouradas, viu Malvina? Dá uma surra de vara de marmelo na bunda dessas duas que elas nunca mais te incomodam! 

- Para lá sua metida, que a conversa ainda não chegou no pé da tua orelha, visse? - retrucou Laurita, sendo interrompida por Malvina, a líder do bando.

E se formou um disse me disse entre o bruxedo, que foi coisa feia e impossível de saber o que elas falavam.

Logo chegou a Esponja, uma bruxa sensível de tanto que tentava apazigua a vida do grupo.

Tiaga se transformou numa gata e começou a enrolar o rapo felpudo nas pernas da Esponja que a pegou no colo e fez cafuné na sua cabeça peluda.

Em seguida chegou a Jacinta bem quieta, já sentando ao lado da Esponja. As duas eram muito amigas.

De mansinho, chegou Molenga, quase ao arrasto. E todas começaram a tagarelar e a gargalhar. Parecia um bando de maritacas.

Finalmente chegou a Augusta.

- Chefa, desculpe o atraso, mas quando eu ia vindo pra cá vi três fadas - que nojo, elas estavam cochichando algo que me despertou curiosidade e fui me chegando de mansinho, disfarçada de borboleta pra não espantar as nojentinhas. Sabem o que descobri?

- Não!!! - falaram todas ao mesmo tempo.

- Pois então... - disse Augusta em tom de segredo, falando tudo o que ouviu:  - lá tava eu entre duas folhas de bananeira quando ouvi uma das nojentinhas dizer que daqui nove meses vai nascer um menino aqui por perto. Enquanto viver, ele terá a missão de colher todas as histórias que puder. E vai ser em forma de manuscritos, imagens feitas em barro, em desenho, em escultura, blá, blá, blá, blá, blá, blá... Um montão de besteiras. Cada uma das nojentinhas deram um dom pro tal gurizinho que olhem, não deve nascer.

- É mesmo - retrucou Laurita - onde já se viu um guri que nem nasceu ainda, já ganhar um montão de dons!

Nesse momento, Malvina interferiu:

- Epa, epa! Vamo parar e por a cabeça pra pensar! O nosso problema parece que vai ser resolvido, justo com o nascimento desse tal menino. É isso mesmo! É ele a pessoa que não vai deixar a gente morrer. Digo, cair no esquecimento do povo.

- Era isso que a gente queria! Agora tá tudo resolvido - não seremos mais esquecidas porque o tal protegido das nojentinhas vai ser o nosso protetor... Que nojo! - disse Augusta cuspindo no chão.

Quando o galo vermelho cacarejou, Esponja falou:

- Meninas, o galo branco já cantou, o vermelho cacarejou, então tá na hora de acabar a reunião porque o galo preto não demora a cantar...

E todas saíram na maior pressa. Umas voando em suas vassouras, outras em forma de morcegos e mariposas, outra em forma de gato a correr pelo mato, outra resolveu voltar para casa a pé, caminhando pela praia de Itaguaçu.

Nove meses depois, no dia 16 de outubro de 1908, em Florianópolis, nasce um menino batizado com o nome "Franklin Cascaes", que depois de cumprir a sua missão, faleceu em 15 de março de 1983. 

Tal como previram as fadas, ele foi um pesquisador da cultura açoriana, folclorista, ceramista, antropólogo, gravurista e escritor brasileiro. Dedicou sua vida ao estudo da cultura açoriana na Ilha de Santa Catarina e região, incluindo aspectos folclóricos, culturais, suas lendas e superstições. Usou uma linguagem fonética para retratar a fala do povo no cotidiano. 

Seu trabalho somente passou a ser divulgado em 1974, quando tinha 66 anos.

No ano de 1983, um acervo chamado "Coleção Professora Elizabeth Pavan Cascaes", que ainda está em fase de documentação, foi criado, com doações do próprio autor contendo suas obras artísticas. Hoje, o acervo está sob a guarda da Universidade Federal de Santa Catarina, que realiza um bom trabalho na conservação do frágil acervo do mestre. São aproximadamente 3.000 peças em cerâmica, madeira, cestaria e gesso; 400 gravuras em nanquim; 400 desenhos a lápis e grande conjunto de escritos que envolvem lendas, contos, crônicas e cartas, todos resultados do trabalho de 30 anos de Franklin Cascaes junto a população ilhoa coletando depoimentos, histórias e estórias místicas em torno das bruxas, herança cultural açoriana.

Em 1991 a extinta Rede Manchede produziu a minissérie Ilha das Bruxas, escrita por Paulo Figueiredo a partir da obra de Frankiln Cascaes.

Em 2008, no centenário de seu nascimento, o pesquisador foi homenageado com o livro Treze Cascaes, uma coletânea de treze contos de diferentes autores, que recriaram uma história em cima das histórias de Franklin Cascaes. O livro é dedicado a resgatar a cultura.

Neste livro podemos encontrar um pouco do que ainda continua sendo aquele que sempre chamei de catador de contos: Franklin Cascaes, o Patrono da primeira Academia Brasileira de Contadores de Histórias/ABCH, Seccional Santa Catarina, com foro em Florianópolis.


Em 2011, com o grupo de teatro Letras no Jardim, consegui levar para o palco do teatro da UFSC, o meu roteiro teatral - A peça "Lenda das Pedras de Itaguaçu", baseado em relatos sobre os contos de Cascaes. Nessa peça retratei um pouco do que vivi na ilha onde nasci e no que vi nos contos que me contaram. No YouTube está a filmagem da peça. Basta ir em Claudete da Mata onde tem a "Festa das Bruxas da praia de Itaguaçu". mas se você procurar no nosso blog, em postagens antigas, creio que irá encontrar.  
 
*Por Claudete T. da Mata
   Mentora da ABCH 

Fonte de pesquisa: Livro "Os 13 Cascaes" e
pt.wikipedia.org/wiki/Franklin_Cascaes
 Se um dia Franklin voltar, ficará horrorizado ao ver as suas bruxas esguritadas pela Ilha da Magia!



DIA 25 DE OUTUBRO NO COLÉGIO VISÃO UNIDADE CAMPINAS - SÃO JOSÉ/SC

Hoje, pela manhã, fui ao Colégio  a pedido de D. Catarina, para narrar a história da D. Baratinha. todos os anos, sempre no mês de novembro as professores organizam uma feira temática, voltada à ciência, à arte e à cultura.


Me deliciei com tudo o que vi, experimentei,ouvi, ganhei e aproveitei para conversar com os alunos na faixa etária de 9 a 10 anos. Todo com ótimo vocabulário e desenvoltura, cheios de interesses em falar sobre os seus conteúdos em exposição, como também fazer perguntas sobre as perguntas que fiz a eles. 

Eu com minha mania de voltar ao passado, nas bancas de cultura, por exemplo,  ao ver sobre a mesa um panelão de barro cheio de feijoada e à sua volta três tipos de farofas feitas de farinha de mandiocas, (todas temperadas com cheiro verde, pimenta do reino e outros ingredientes) e outros quitutes, parei diante do grupo de alunas que falavam sobre a culinária africana. Cada uma tinha uma pequena folha de caderno contendo informações sobre o que estavam expondo. Elas liam seguindo a ordem do tema. 

Ao começar a questioná-las, percebi que todas tinham memorizado as suas falas, mas que preferiam ler para uma não repetir a fala da outra. Ao se envolver com as minhas perguntas, as meninas se soltaram e juntamente com os que estavam juntos de nós, ficaram a ouvir o que falei sobre a culinária africana - o modo de preparo e do surgimento da feijoada.

Quando as africanas foram arrancadas de suas famílias, seus lugares... Ao serem transformadas em escravas dos senhores feudais, as que eram responsáveis pela cozinha das casas grandes, preparavam deliciosos pratos com carne de porco e de boi. Como os senhores das fazendas comiam somente as carnes nobres desses animais, as escravas aproveitam as orelhas, os pés e os rabos dos porcos para cozinhar juntos ao feijão que era servido aos escravos nas senzalas. Daí surgiu a famosa feijoada e com o passar dos tempos, também começou a ser degustada pelas classes mais abastardas.  Foi então que todo no Brasil passaram a comer feijoada.

As alunas começaram a me fazer perguntas e enquanto eu falava elas me serviam a feijoada em copinhos de plástico. Aproveitei para falar que, enquanto os donos das fazendas e seu familiares comiam em pratos de porcelana, os negros comiam em pratos de barro.

Na mesa de ciências havia três alunos, três graças de meninos que falavam sem a ajuda de registros em folhas. Eram fascinantes ao passar as informações sobre os animais da floresta e da selva: seus hábitos alimentares, seu habitat natural, seus instintos... Enquanto dois falavam, um deles confeccionava animais em dobraduras. Perguntei quem o ensinou e ele disse:

- Tudo o que sei fora da escola, assim como isso que estou de fazer pra ajudar o meu grupo, aprendo na internet!

Durante a nossa conversa, ele faz duas aranhas, um jacaré e um pássaro do Pantanal do Mato Grosso do Sul/BR. Dos animais que ela havia feito, tinha um elefante maravilhoso. Então perguntei se ele sabia fazer tsuru e ele pergunto:

- O que é isso?

Eu falei sobre a lenda do tsuru, de onde surgiu a arte de dobrar papel - Origami e os três meninos pararam para ouvir. Quando falei sobre os efeitos dessa arte na organização cerebral de quem a pratica, ele quiseram saber mais, foi quando falei sobre a plasticidade cerebral, seus efeitos benéficos no processo de memorização, coordenação motora fina e ampla, orientação lógica espacial, etc. Os meninos me deram de presente um jacaré. Foi formidável tudo o que conversamos.

Passei em todas as mesas e conversei sobre tudo o que esta exposto. Até convidei as meninas e a professora delas para estarem expondo a mesas da culinária africana no eventos do Grupo Boca de Leão nos dias 29 e 30 de outubro, na Biblioteca Pública de Santa Catarina. A professora ficou interessada, as alunas deram pulos de alegria e prometeram estar socializando a apetitosa mesa conosco.

 Não registrei tudo em fotos porque o colégio estava tão cheio, com pessoas esbarrando-se umas nas outras que ficou difícil. E também pelo meu deslumbre em estar conversando com os alunos e dando um pouquinho da minha contribuição. 

Então tudo ficou fotografado no meu coração ao ver alunos, pais e professores concentrados nas exposições e por ultimo na minha narração.

Hoje só apareceram dois animais que fora rejeitados pela velha Baratinha: um cachorro grandalhão todo de branco e atencioso, que ao ver o seu pedido canino rejeitado, correu para o mato. Depois dele veio o Senhor Gato já um tanto arisco a miar quase sem parar, mas também recebeu um "NÃO" assim bem grandão. É que D. Baratinha sempre encontra um defeito nos pretendentes...

Ao final chegou o Senhor Ratão, o João metendo o focinho na porta do cofre da sua pretendente... Ganhou a confiança da D. Baratinha, falou, falou, depois foi até a cozinha organizar a comilança... E quando apareceu, surpreendeu a plateia - ele estava horrível de tão queimado, pobre Ratão!

A D. Baratinha está sendo chamada para narrar a sua história em muitos lugares, mas alcançar o seu objetivo está um tanto difícil. Ela é muito exigente!

Quem quer casar com a D. Baratinha
Que tem fita no cabelo
E dinheiro na caixinha....

(Claudete T. da Mata)






terça-feira, 21 de outubro de 2014

UM CONVITE ESPECIAL!

OFICINA LITERÁRIA BOCA DE LEÃO
E
ACADEMIA BRASILEIRA DE CONTADORES DE HISTÓRIAS

Em comemoração à Semana Nacional do Livro, estaremos nos dias 29 e 30 de Outubro,
Na Biblioteca Pública de SC!

CONVITE


Dia 29 de Outubro– Quarta-feira
(Das 9h às 22h)
 3ª Mostra do Evento “Um Dia para Contar e Imaginar”
Narração de histórias da literatura tradicional e universal, no auditório e no Setor Infantil da BPSC/FCC.
Participação dos Contadores de histórias Boca de Leão, Membros da Academia Brasileira de Contadores de Histórias/ABCH, Grupo de Poetas Livres e convidados! 
*Das 9h às 10h30*

Abertura: com todos os contadores cantando ao público: “Todo Mundo Conta Histórias!” (Autoria de Rosana de Almeida).
Início: Claudete T. da Mata – “Lenda das Pedras de Itaguaçu” (Texto da narradora);
Luiza Abnara – “A Libélula Encantada” (Conto de autoria da contadora);
Idê Bitencourt – “Chiquita e a dona Coruja” (Conto de autoria da contadora);
Aparecida Facioli – “A Toupeira e o Gambá Ludovico” (Conto de autoria da contadora);
Saray Martins – “Quiquita, a porquinha que sabia pensar!” “Una e suas Histórias” (Autoria da narradora);
Andrea Dias – “A Bruxa Maléfica” e “Animais em Revolta”.
Luiza Abnara – “A Pata Felícia” (Autoria própria).
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2ª Mostra “Na Távola Quadrada: Uma conversa com dançarinos, poetas, contadores de histórias, escritores e outros atores”.
 No Auditório, *A partir das 14h.
Abertura - das 14h às 14h20: Recital Poético com o Grupo de Poetas Livres.
Participação especial de Vera Portela, Sinval Silveira, Eunice Leite da Silva Tavares, Olga Postal, Eloah Westphalen Naschenweng (Presidente do Grupo).

Hora dos Contos – das 14h20 às 15h: Irene Tanabe – “O Presente das Rosas"; Luiza Abnara – A Libélula Encantada (Autoria da narradora); Idê Bitencourt – Chiquita e a dona Coruja (Autoria da narradora); Aparecida Facioli – “O homem, o menino e o burro” (de Monica Stahel para recontar a conhecida fábula de La Fontaine); Saray Martins – UNA e suas Histórias (Autoria da narradora); Fábia Barbosa – Conto de sua Terra.
Hora da conversa – das 15h às 16h: Eloah Westphalen Naschenweng , Contadoras de Histórias do Grupo Boca de Leão e da ABCH: Andrea Dias (Presidenta da ABCH), (Membro da ABCH), Saray Martins, Dora Duarte, Luiza Abnara, Idê Bitencourt, Aparecida Facioli (Integrantes do Grupo Boca de Leão e Membros da ABCH), Osmarina Maria de Souza , Cristina Magdaleno, Fábia Barbosa e Irene Tanabe (Contadoras de Histórias e Membros da ABCH), José Honório Marques (Escritor, Poeta, Músico contista e Membro da ABCH).
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DIA 30 DE OUTUBRO

Terceira edição do Evento "Um dia de histórias!"
Período matutino a partir das 9h!
Período matutino a partir das 14h!

Contadores de Histórias Boca de Leão e Convidados!

Aberto a todos os públicos, com
Entrada Gratuita!
Escolas: Agendar pelo e-mail claudete_tm@hotmail.com
Local: Biblioteca Pública de SC
Endereço: Rua Tenente Silveira, 343, Centro - Florianópolis/SC

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Um pássaro encantado, nascido há milênios, num tempo em que velhos sábios levaram ao mundo a arte de fazer nascer de pequenas e grande folhas de papel de onde saem mil seres... Quem ainda não conhece Irene Tanabe?   

Irene Tanabe é contadora de histórias com vasta experiência no universo narrativo e é arte educadora.
O objetivo deste workshop é o de mostrar aos participantes as possibilidades de utilização e de cooperação entre duas artes: narrar histórias e dobrar papel enquanto interagimos com o público.
O mundo precisa de narradores que resgatem a presença física do universo imaginário, a importância do olhar e que aliem tudo isso ao seu estilo, agregando mais elementos na sua práxis, como uma atividade manual capaz de provocar estranheza, risos, emoções, até a catarse.

Público alvo: Graduandos em pedagogia, professores de diferentes áreas, contadores de histórias, psicopedagogos e outros simpatizantes da arte de contar histórias e do origami.

Pré Abertura da Oficina: dia 29 às 14h20, com uma Narração “O Presente das Rosas”, quando a ministrante estará interagindo com o público, contando e encantando a todos com dobraduras - uma demonstração (aula laboratório) sobre o que poderemos estar fazendo futuramente. Participação de livre escolha.
Início da Oficina (aula prática): Dia 29 das 18h às 22h!


                Dia 30: Narração (História animada) para mais uma demonstração em
                público (aos cursistas), das 14h às 15h30!

Encerramento
da Oficina (aula prática): das 17h às 21h.
Local: Biblioteca Pública de SC, uma casa cheia de asas!
Rua Tenente Silveira, 343, Centro - Florianópolis.
Em frente do ITAÚ, esquina com SANTADER!

Se você ainda não conhece a ministrante Irene Tanabe, ou é uma dessas pessoa que está sempre à procura de novos conhecimentos e práticas diversificadas, para agregar mais valores à sua prática e reformular seus conhecimentos, solicite sua inscrição até dia 27 de outubro!
 

Investimento: 60,00 (com material incluso).

Temos à disposição da comunidade, somente 12 vagas!

Em 2013 a OLBL teve o prazer de socializar com o público a Oficina "Contar e Encantar: Segredos da Narrativa, com Cléo Busatto, agora (2014) estamos socializando com a comunidade a Oficina com Irene Tanabe. Futuramente, Cléo Busatto e Irene Tanabe retornarão, assim como outra grande profissional também estará nos ofertando os seus saberes (pequeno segredo do Grupo Boca de Leão).*** Solicitação da ficha de inscrição (nela está contida todas as orientações) para a Oficina de Histórias Contadas com Origamis: claudete_tm@hotmail.com

OBS. Esta Oficina de Histórias Contadas com Origamis é uma atividade agendada anteriormente e aberta à comunidade, para o processo de aperfeiçoamento das práticas da oralidade - na agregação de mais conhecimentos que constituem os segredos da narrativa oral.
Realização: OLBL – Oficina Literária Boca de Leão - OLBL e da Academia Brasileira de Contadores de Histórias.
 Organização: Claudete T. da Mata
Apoio: Biblioteca Pública de SC
Idealizadora da OLBL e Mentora da Academia Brasileira de Contadores de Histórias - Sede SC - Florianópolis.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dia 17 na Biblioteca Pública de SC/BR

Cheguei na Biblioteca às 16h e Aparecida Facioli já estava à minha espera. Ela chegou e foi logo pegando dois livros de contos para ler.

Em seguida chegou Idê Bitencourt cheia de novidades  e muito radiante com o universo literário e suas criações que vem sendo frequentes.

Estranhamos o fato dos demais integrantes não terem vindo ao encontro, mas sentamos e abrimos a nossa mesa de estudo e análise da narrativo com o auxílio de Benjamin.
Demos continuidade às tarefas com a leitura deste livro, um volume que traz um conteúdo muito rico sobre o livro e a literatura infantil.

O autor mostra nas suas narrativas, além do texto, como as ilustrações despertam no leitor o desejo de conhecer o seu conteúdo escrito. Quando bem elaboradas e pensadas, segundo Benjamin (1984, p. 56), as palavras e as imagens dão asas aos seus leitores.

"Através da ostensiva exortação à descrição de seu conteúdo, essas ilustrações desperta, na criança a palavra. Mas descrevendo as imagens com palavras, a criança "descreve-as" de fato, com rabiscos."

O pequeno grupo, aos poucos foi reunindo informação que foram ao encontro do processo de estudo e análise da narrativa do gênero conto infantil e o quanto consegue encantar até os adultos quando é criado com o coração  porque, assim como a criança, tanto o adolescente quanto o adulto, a necessidade do estético na construção da narrativa se faz necessário à compreensão e o desperta de ambos, principalmente à retenção da memória quanto o leitor, seja criança ou não, necessita ao percorrer o olhar durante a leitura, e também com o toque dos dedos ao querer sentir a textura das imagens contidas nos livros - imagens ilustradas para a retratação do imaginário narrado em palavras escritas acompanhadas das imagens, um processo que necessita de um olhar mais apurado por parte do escritor e do ilustrador.

Imagens incapazes de revelar sem a necessidade de uma leitura reflexiva, sendo simplesmente óbvias, retardam o despertar da curiosidade do leitor.

Por mais ingênuo que seja o leitor, uma criança em tenra idade, por exemplo, não pode ter nas mãos um livro sem curiosidades, sem estranheza, nem contradições (mistérios, frases e desenhos recheados de enígmas, imagens e palavras que retratem os enigmas do imaginário, nas quais os leitores viram de ponta-cabeça...). ao contrário, uma boa história é aquela que leva o leitor a enfiar braços e pernas entre galhos e vestir um telhado de cascas de árvores como roupa. tudo isso numa festa inusitada de formas, cores, sem pé nem cabeça e mil sabores. 

O escritor impossibilitado de provocações possíveis e até as mais absurdas, não é um narrador revelador. Sua narrativa é como água entre os dedos que ao receber um fio de brisa, logo se dissolve. 

Nós três vijamos com Benjamin e aprendemos muito com ele que nos mostra a literatura como janelas com suas cortinas a serem abertas por muitas mãos - Mãos que escrevem, mãos que desenham, mãos que procuram, mãos que revelam, mãos que falam e mãos se alimentam a cada toque de seus dedos... E os livros passam a ser escritos por pensamentos e fantasias que começam a viajar por muitos lugares, de mão em mão, de olhos em olhos, de boca à boca. E, se não forem reveladores, como poderão circular pelo mundo?

O nosso estudo não para por aqui, em novembro estaremos de volta com mais reflexões sobre o fazer literário. 

Ficamos sem registro em foto, mas tudo ficou na memória. 


  

DOIS DIAS DE MUITOS SABERES!

DIA 16 E 17 DE OUTUBRO NA ILHA DA MAGIA 

SEMINÁRIO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL
UFSC E UNISUL - 2014
Na sala 621, no Centro de Ciências da Educação e Comunicação, apresentação do Projeto Boca de Leão.

Eu e a professora Natália Rigo nos apresentando para iniciar a apresentação do projet.
 Prof. Natália abrindo a nossa apresentação.
 Eu na apresentação do histórico da Oficina.
 Exposição das ações desenvolvidas a partir de 2012 aos dias atuais, até 2015.
 Professora Natália relatando as experiências vivenciadas pelo Grupo Boca de Leão e sua participação como integrante do mesmo.
 Eu relatando sobre a metodologia das nossas ações: estudo e pesquisa por meio de leitura e análise da narrativa, incluindo uma das técnicas de criação literária (Objeto inspirador) no processo de escrita consciente e criativa, as atividades voltadas à prática da oralidade e os segredos da narrativa, nossos eventos votados à contação de histórias na Biblioteca Pública de SC e pela comunidade, as oficinas propiciadas ao grupo com a vinda de outras ministrantes como Cléo Busatto, Irene Tanabe e outras que estarão nutrindo o Grupo Boca de Leão futuramente, como: Clarice F. Caldin (Professora da UFSC) e ainda conseguirei trazer Marina Colasanti.
Durante a exposição do projeto boca de Leão, falamos sobre quatro proposta de Oficinas para 2015. 
Ao final da quarta apresentação, a coordenadora da sala abriu a roda de debates. Todos solicitaram informações sobre o que ouviram, em especial sobre a proposta para 2015. Nossa apresentação foi um sucesso.

Eram 16h na Ilha da Magia - Tarde que ficou nublada após muito Sol. De volta para casa, registrei a nossa ponte de dentro do ônibus.
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 No dia 17, acordei refeita e fui passear de triciclo na Beira-mar de São José e fotografei o padroeiro dessa antiga cidade.
Preste atenção na mão do menino!

O menino parece estar à procura do passarinho.
Este monumento tem mais de 4 metros de altura. Já foi danificado uma vez por moradores vizinhos e sem noção do estrago causado ao patrimônio público. Após a ação de vandalismo, colocaram o monumento nas alturas.  

Neste mesmo local, na minha infância, eu me banhava e brincava com os botos que vinham até a beira do mar. Era a festa da criançada. Ninguém tinha medo deles.

 Alguns adultos diziam que os botos vinham para proteger os banhistas e quando alguém se afogava, eles vinham e empurravam a pessoa para a beira da praia.

Depois que construiram essa Beira-mar, com o aterro, os "botos" sumiram, a população cresceu e passaram a colocar os seus esgotos no mar, poluindo o local onde antes os peixes eram fartos, os moluscos como: berbigão, conchas, ostras e até os camarões que surgiam nas possas da maré seca, sumiram.

Com as novas construções, a nossa antiga praia de São José já não é mais favorável aos banhos de mar que antigamente eram frequente pelos moradores locais e bairros vizinhos.

Infelizmente, o progresso sempre vem para melhorar em partes a vida do próprio homem. 

E a natureza sempre fica sem respostas. Ela morre aos poucos.

Onde antes eu me banhava, hoje não posso colocar nem a ponta dos dedos dos pés. O risco de contaminação é 100%, porque os hotéis e os moradores de São José insistem em jogar os seus dejetos no mar.

(Fotos e textos de Claudete T. da Mata)




quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Boitatá Abre o Espetáculo do Grupo Boca de Leão: 2a Mostra do Evento "Para Contar e Imaginar" 2013.

DIA 9 E 11 DE OUTUBRO

DOIS DIAS MUITO ESPECIAIS!

No dia 9 de outubro estive com o Grupo de Poetas Livres, na Biblioteca Prof° Barreiros Filhos e hoje, onde uma turminha estava à nossa espera.
 
Primeiro foi a vez dos poetas se apresentar
Após o recital da primeira poetiza, podia-se ver o sorriso das crianças.
  E quando chegou a minha vez, entrei e narrei a "D. Baratinha".
No tempo em que os animais falavam, havia uma barata muito solitária...
Passeando num lugar deserto ela encontrou um cofre cheio de...
Tomando conta do cofre, ela teve uma ideia:
- Vou na casa da D. Grila e do Sr. Grilo...
Com todo este dinheiro, pretendente não me vai faltar...

Então ela começou uma cantoria:

Quem quer casar com a dona baratinha
Que tem fita no cabelo
E dinheiro na caixinhaaa...
Crianças, não é que o primeiro pretendente está lá fora a me chamar...
E D. Barata, com os seus inos bracinhos, chegou na janela e viu o Sr. Cachorro lá nos seu jardim a se coçar inteirinho, da ponta do rabo até o focinho.
- Sr. Carrocho, que coceira é essa?Imagine só o Sr. a se coçar... Não, não, não, nem é bom pensar...
Não, não, não no meu colchão o senhor não dorme não.
O Sr. Cachorro se foi e depois dele um outro pretendente apareceu...
Era o Sr. Gato...
Depois do Sr. Gato correr pro mato, algo começou a roer lá na beira do telhado...
 
Passeando pelos quatro cantos do mundo, D. Baratinha...
 
 Depois de ter sido pedida em casamento pelo Sr. Cachorro, o Gato e outros pretendentes, foi a vez do Sr. Ratão...
Sr. Ratão, o que faz aqui?
Dona Baratinha me escute...
E o guloso Sr. Ratão, no lugar de casa prefiriu mergulhar no panelão de feijão...

Dia 11 estive em Biguaçu, no Lar Chico Xavier, onde narrei três histórias: "Dona Barata", "A Libélula encantada" (autoria de Luiza Abnara, do Grupo boca de Leão) e "Velho João, o filho da bruxa" (minha autoria). 

Antes de entrar no Lar, conversei com Viviane Lopes sobre os tipos de histórias que eu poderia estar narrando e fui informada que não havia restrições. então fiquei bem tranquila e quando cheguei lá, conversei com os ouvintes e dei início às três narrativas.

Ao final, fui surpreendida com a fala de cada ouvinte. Meninos e meninas, ao me abraçar forte, falaram com os olhos brilhando:

- Tia, muito obrigado pelas histórias. Eu gostei muito. Volta mais vezes.
- Tia, amei as tuas histórias. Obrigada!
- Tia, sabias que nunca ninguém veio aqui contar histórias pra nós?
- Eu quero que você volte mais vezes, volta?
- Eu nunca ouvi aquelas histórias... Foi tão bom ter você aqui. Volta outro dia pra contar mais histórias pra gente.
- Foi tão bom ver a Dona Baratinha e o ratão. Volta outro dia pra contar mais histórias, até as de bruxa que eu gostei muito.
- Eu goste de entrar na história contigo. Vem contar mais vezes pra gente.


Os pedidos e os agradecimentos foram muitos e muitos, que fiquei com vontade de ficar com todos. 

Uma adolescente chorou de emocionada que ficou ao receber um dos meus abraços e me agradeceu com um sorriso até os brincos das orelhas.

Uma bebezona chamada de 1 ano e quatro meses, parecendo ter 2 anos de tão comprida e forte, conversou comigo e segurou minha mão com um sorrisão lindo. E outra de 2 aninhos, falou:
- Tia, dotei da histora!

Os meninos adolescentes, me abraçaram carinhosamente.

Não resiste ao ver tantas pessoas carentes de amor, porém muito bem educadas e solícitas, que antes de sair beijei e abracei um por um. Saí de lá com minha cabeça fervilhando de ideias para, assim que minha filha retornar de SP, colocá-las em prática. Junto, desejo levar outras pessoas para fazer a alegria daquelas crianças e adolescentes, até mesmo das pessoas que cuidam delas, voluntariamente.

As pessoas que lá estão cuidando desses órfãos, dão a eles um carinho que ainda não vi nos demais lares de crianças e adolescentes desprovidos de amor paternal e maternal. Todos estão de PARABÉNS pelo desprendimento que poucos conseguem oferecer. Inclusive Eu!

Faço este relato sem foto, porque tudo ficou fotografado no meu coração.

Claudete Da Matta