Cheguei na Biblioteca às 16h e Aparecida Facioli já estava à minha espera. Ela chegou e foi logo pegando dois livros de contos para ler.
Em seguida chegou Idê Bitencourt cheia de novidades e muito radiante com o universo literário e suas criações que vem sendo frequentes.
Estranhamos o fato dos demais integrantes não terem vindo ao encontro, mas sentamos e abrimos a nossa mesa de estudo e análise da narrativo com o auxílio de Benjamin.
Demos continuidade às tarefas com a leitura deste livro, um volume que traz um conteúdo muito rico sobre o livro e a literatura infantil.
O autor mostra nas suas narrativas, além do texto, como as ilustrações despertam no leitor o desejo de conhecer o seu conteúdo escrito. Quando bem elaboradas e pensadas, segundo Benjamin (1984, p. 56), as palavras e as imagens dão asas aos seus leitores.
"Através da ostensiva exortação à descrição de seu conteúdo, essas ilustrações desperta, na criança a palavra. Mas descrevendo as imagens com palavras, a criança "descreve-as" de fato, com rabiscos."
O pequeno grupo, aos poucos foi reunindo informação que foram ao encontro do processo de estudo e análise da narrativa do gênero conto infantil e o quanto consegue encantar até os adultos quando é criado com o coração porque, assim como a criança, tanto o adolescente quanto o adulto, a necessidade do estético na construção da narrativa se faz necessário à compreensão e o desperta de ambos, principalmente à retenção da memória quanto o leitor, seja criança ou não, necessita ao percorrer o olhar durante a leitura, e também com o toque dos dedos ao querer sentir a textura das imagens contidas nos livros - imagens ilustradas para a retratação do imaginário narrado em palavras escritas acompanhadas das imagens, um processo que necessita de um olhar mais apurado por parte do escritor e do ilustrador.
Imagens incapazes de revelar sem a necessidade de uma leitura reflexiva, sendo simplesmente óbvias, retardam o despertar da curiosidade do leitor.
Por mais ingênuo que seja o leitor, uma criança em tenra idade, por exemplo, não pode ter nas mãos um livro sem curiosidades, sem estranheza, nem contradições (mistérios, frases e desenhos recheados de enígmas, imagens e palavras que retratem os enigmas do imaginário, nas quais os leitores viram de ponta-cabeça...). ao contrário, uma boa história é aquela que leva o leitor a enfiar braços e pernas entre galhos e vestir um telhado de cascas de árvores como roupa. tudo isso numa festa inusitada de formas, cores, sem pé nem cabeça e mil sabores.
O escritor impossibilitado de provocações possíveis e até as mais absurdas, não é um narrador revelador. Sua narrativa é como água entre os dedos que ao receber um fio de brisa, logo se dissolve.
Nós três vijamos com Benjamin e aprendemos muito com ele que nos mostra a literatura como janelas com suas cortinas a serem abertas por muitas mãos - Mãos que escrevem, mãos que desenham, mãos que procuram, mãos que revelam, mãos que falam e mãos se alimentam a cada toque de seus dedos... E os livros passam a ser escritos por pensamentos e fantasias que começam a viajar por muitos lugares, de mão em mão, de olhos em olhos, de boca à boca. E, se não forem reveladores, como poderão circular pelo mundo?
O nosso estudo não para por aqui, em novembro estaremos de volta com mais reflexões sobre o fazer literário.
Ficamos sem registro em foto, mas tudo ficou na memória.
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