O Patrono da Academia Brasileira de Contadores de Histórias - ABCH, por ela ter nascido na Ilha de Santa Catarina, conhecida por Ilha da Magia - "um pedacinho de terra perdido no mar...," povoado por seres que se metamorfoseavam em coisas impossíveis e quase reais (bruxas, lobisomens, boitatás e muitas assombrações...), importantes descobertas de um incansável viajante do tempo, que registrava suas histórias, causos e acontecimentos inusitados por meio de obras escupidas no barro, pinturas em tela e escrituras guardadas dentro de um baú no interior de sua casa, não poderia continuar guardado num depósito qualquer, muito menos ter o seu legado esquecido - Será Franklin Cascaes, ele que sempre buscou coletar e registrar essas joias do imaginário desta Ilha povoada por índios Tupis-Guarani, vicentistas e açorianos, gente simples e pacata. Povo devotado à pesca, à agricultura e à religiosidade.
Nesse tempo de antanho, com todos sentados ao redor do fogão à lenha, as histórias eram passadas de pais para filhos. Eram ditas de maneira tão convincente, de tal forma que se misturava o real com o imaginário. Bastava um TOC TOC na parede das casas, que todos eram tomados pela comoção, arrepio e até mesmo o medo maior de pavor. Eu mesma passei por essa experiência sentada no colo do meu tio Zé, um exímio contador de histórias que um dia saiu pelo mundo e nunca mais voltou. E quando cresci, passei a escrever contos relacionados a tudo o que ouvi ao pé do fogão à lenha. Depois passei a me dedicar à arte de contar de histórias. E viajando pelo universo imaginário, pensei: "Por que não criar uma Academia de Contadores de Histórias?" E esse desejo foi crescendo até sair de dentro de mim. E virou realidade no dia 2 de junho de 2014.
Claudete da Mata
“O gosto de contar é idêntico ao de escrever – e os primeiros narradores são antepassados anônimos de todos os escritores. O gosto de ouvir é como o gosto de ler. Assim, as bibliotecas, antes de serem estas infinitas estantes com as vozes presas dentro dos livros, foram vivas e humanas, rumorosas, com gestos, canções, danças, entremeadas às narrativas”.
Cecília Meireles
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