Curso:
“Espaço de Histórias”
Formação
de Contadores de Histórias
1. ENTRADA: Ministrantes voluntárias – Claudete T. da Mata e Cristina M. Lopes
Ministrantes: Claudete T. da Mata e Cristina Magdaleno de Souza Lopes
Local: Centro Integrado de Cultura (CIC/FCC)
Cidade: Florianópolis/SC.
1.1 CANTIGAS DE RODA ABRE CADA MOMENTO DO ESPAÇO DE HISTÓRIAS: Todos cantaram e conseguiram entrar no campo cheio de "Alecrim Dourado que nasceu no campo sem ser semeado..."
2. Breve REVISÃO: Acolhida para conhecimento do grupo – Aulas passadas
Após o conteúdo teórico inicial, agora partimos das nossas escolhas ao voltarmos ao preenchimento do Nada, a preparar o “espaço” simbólico para acorda o narrador que vive dentro de nós. Voltamos ao “esvaziar” do espírito e do corpo, com uma parada para a “limpeza” da alma através da audição: é a arte de trabalhar a imaginação e a capacidade de criação a partir de uma “música” que vai nos levar de volta ao berço – momento fenomenológico em que os velhos filósofos nos diriam:
- Ao entrar no campo de Alecrim, vamos nos envolver numa estrutura aparentemente sonora a mexer com o corpo que acabamos de tirar do fundo do baú guardado por alguns ou esquecido por outros. Tudo isso, pode ser comparada a uma peça de roupa nas mãos de uma lavadeira. Ou então, a uma folha em branco nas mãos de um pintor. A escolha é minha, é sua... é nossa.
Objetivos: Levar os integrantes ao palco, para que saibam como acordar a sua criança interior, despertar a ludicidade e as utilizem nas suas narrativas. Assim poderem transformar as histórias em fatos quase reais. A forma utilizada na narração das histórias, contem os ingredientes essenciais às retratações do imaginário. Saber embarcar nas histórias e viver uma experiência transformadora. Ver as histórias de mil formas, até mesmo como um faz-de-conta que brinca com a realidade, com o corpo, sublimar situações por meio das palavras, brincar com a voz num jogo de troca-troca ao experimentar cada vozear. De repente, levar o público a ver coisas intocáveis e olhar o que não existir ao conseguir dar corpo, voz, cor, cheiro, tamanho e movimento às imagens e às sensações constituídas pelo narrador a viver o momento e o tempo da história por inteiro, envolvido num ambiente translúcido. Mostrar as histórias com a alma, revela o narrador que fala com o coração. O vídeo de Fábio nos mostra tudo isto, na fala de quem participa dos seus ensinamentos. Adoro aprender com os meus amigos, os Griôts dos tempos atuais.
Das 15h às 17h
Todos que subiram ao palco para narrar a sua história, deram início ao jogo de sublimação de atitudes entre o real e o mágico, na captura das emoções espirituais e corporais, na tomada de decisão dentro universo fictício, de mãos dadas com todos os seres que os cativaram – hora em que viveram a magia da história. Estimulando todas as descobertas por meio da ação, descobriram-se a si mesmo e o mundo que os cerca a cada história narrada - é processo de constituição enquanto “narrador” oral consciente.
Vilma Bueno entreou de mansinho e surpreendeu a todos.
Os envolvidos, desde o primeiro dia do curso, hoje, vai sacudir a Consciência a mexer com Memória e sentir como acontece o movimento corpo e mente ao narrar a sua história. Se estremecer, continue e permita-se ser tocado pela sensação que faz vibrar o coração a pulsar alto: você ouve as suas batidas – é o entrosamento acontecendo de dentro para fora, sem dar lugar ao isolamento íntimo, a alma está pronta para voar – é o preparo do primeiro, entre muitos voos a abrir mais uma proposta criativa.
4. APRESENTAÇÃO DAS TAREFAS: HISTÓRIAS CONTENDO A IMPRESSÃO DO QUADRO ESCOLHIDO (ESPOSIÇÃO DO CIC)
4.1 Nesse momento (nas duas turmas) todos conseguiram falar, responder, perguntar, dançar com as letras, brincar com as palavras, soltar o corpo, movimentar as asas da imaginação. Expressar sentimentos e emoções sem medo de se expor, após ouvirem a futura acadêmica da Academia Brasileira de Contadores de Histórias, Albertina Saudade Fonseca, cantar a Cantiga da sua Terra Natal: AVOZINHA.
(Turma das 19h às 21h)
Albertina é convidada a subir ao palco e cantar. Os demais alunos foram orientados sobre suas entradas no contexto da música. Todos conseguiram se expressar, entrar e viver cada estrofe cantada.
3.1 Cantiga de Portugal – Na voz de Albertina Saudade Fonseca:
Avozinha
(MARIA DE LURDES RESENDE)
De mãos enrugadas, já trementes,
Com as lunetas sobre o nariz
A minha avozinha, já sem dentes,
Contava histórias que me faziam feliz:
Branca de Neve e os sete anões
João Ratão, lendas feudais,
Ali-ba-bá e os seus Iadrões,
E tantas mais...
Avozinha vá lá só mais uma
Conta que eu não faço Ó Ó
Conta aquela da Fada de Espuma,
Conta alguma querida avó
E se acaso eu me deixar dormir,
Amanhã o final eu quero ouvir
Só mais uma pra tua netinha
Conta alguma, avozinha...
Pra junto de Deus foi a avozinha
Partiu um dia, deixou-me s,
Deu-me Deus, em troca uma filhinha,
Pra que eu, um dia, saiba ser também avó,
E como Deus tudo perfilha
Com todo o seu grande poder
Da minha filha, a sua filha
Há-de dizer
Avozinha, vá lá
E se acaso eu me deixar dormir,
Amanhã o final eu quero ouvir
Só mais uma pra tua netinha
Conta alguma, avozinha...
Há a a (Refrão)
Avozinha.
Chegou o momento de continuar. 11 cursistas apresentaram as suas histórias.
Para cada apresentação, uma parada para as orientações sobre as necessidades apresentadas.
4. MOMENTO DE APRECIAÇÃO DAS HISTÓRIAS NARRADAS EM GRUPO, APÓS AS NARRAÇÕES FEITAS PELOS CURSISTAS, NESTE ENCONTRO.
4.1 ALGUMAS DICAS PARA O
REFINAMENTO DA PRÁXIS NARRATIVA:
· Conhecer a origem dos velhos narradores do conto a ser
narrado:
lugar onde tudo acontece, sua época, espaço geográfico das cenas,
características físicas e psicológicas das personagens principais e
secundárias, o clímax de cada momento até o desfecho das histórias: se cabe ou
não, dá outro final à história, entretanto, é preciso ter capacidade de
improviso – caso contrário, mantenha o texto de origem. São dados introdutórios
para entrar na estrutura do conto e poder retratar o imaginário com a sabedoria
de um narrador consciente, sem preocupar-se com o texto na hora da cena.
Contadores que vivem o momento da história, amarrado ao texto e ao tempo fora
da história, fica a inventar gestos desnecessários durante a narrativa.
Apresente sua história com naturalidade, como se fosse parte dela.
· Procure saber como
surgiu o contador de histórias, além do que você já ouviu dizer. Lêr os autores de diferentes categorias, faz bem ao processo de escolha. Não do estilo, pois temos o nosso próprio meio de entrar em cena e viver cada momento da história. É uma práxis bem pessoal. Entretanto, temos as nossas referências. Elas existem a partir do nosso processo de formação e das nossas leituras.
5.2 LINGUAGEM EM CENA:
Ação (Tudo o que acontece
na história e tudo o que os personagens fazem e como fazem); Adereço (Acessórios, como:
figurino e todos os objetos utilizados em cena, até mesmo a decoração do
espaço);
· Antagonista (Personagem da
história, em conflito ou em oposição);
Fato (No teatro é o Ato:
Divisão em partes iguais ou relativas ao tempo da história e o seu
desenvolvimento);
Iluminação do
ambiente
(Deve ser propícia à narrativa em cena, sem provocar desconfortos ao narrador);
·
Construção das cenas (Um conjunto de
procedimentos que constituem a ação em torno decada momento do enredo);
·
Cenário (Conjunto de
elementos a serem organizados pelo contador de histórias, para retratar o
imaginário, caso o narrador goste de utilizar objetos concretos. O narrador
também pode cuidar desta organização por meio das representações virtuais em
gestos na construção do espaço em que acontecem as ações interpretadas pelo
narrador que representa a história);
·
Construção das
personagens
(Estudar a personalidade, os aspectos físicos e sua posição social, suas
relações com as demais personas, etc.);
·
Construção da trama (Conhecer os
acontecimentos a serem narrados sem interrupções, mediante os erros, ao estar
em cena. Paradas para desculpas e gestos viciosos, cortam o imaginário e o
ritmo do narrador);
·
Figurino (São as vestimentas
de uso do contador, que pode preferi-lo ou não. As vestimentas, assim como os
elementos utilizados durante a narração não interferem no imaginário da
plateia, quando o narrador vive a história em cena);
·
luminação (Deve estar adequada
às exigências da narrativa (história), quando há somente um narrador em cena.
Em espetáculos com vários contadores, cada qual com a sua história, caso
estejam num ambiente teatral, pode ser utilizado um mapa de luz para cada
momento, como: 1) Iluminação das personagens; 2) Iluminação do cenário; 3)
Efeitos luminosos em ambientes sem projetores de luz, os contadores podem
utilizar outros meios, como: lanternas com papel celofone, velas, lampiões,
assim conseguindo os efeitos ambientais desejados;
·
Mímica (Movimentos sem
texto oral, onde o contador retrata sentimentos e expressa movimentos
indicativos de acontecimentos, etc.);
·
Vozes (As diversas vozes
que entram em cena – aqui o contador precisa recorrer às técnicas para
interpretar as vozes das personagens, diferenciando-as da sua);
·
Cantoria junto às
histórias (Sem
regras definidas). Cada contador canta do seu jeito. Caso não goste de mostrar a
sua voz natural, precisa buscar ajuda de um profissional em canto e trabalhar para
refinar a capacidade vocal. Antes, precisa procurar um especialista da área médica, para analisar as condições das suas cordas vocais. Todos podem fazer os
exercícios simples, de aquecimento da voz, sem carregar as pregas vocais, antes
de entrar em cena;
Exercício de Consciência Corporal: O narrador pode ter o apoio de um profissional com experiências em arte cênica. Neste curso (Espaço de Histórias) vamos estar exercitando a consciência corporal com recursos de técnicas teatrais.
·
Marcação (A movimentação dos
narradores: Entrada, Postura no lugar combinado e sua circulação em cena, até
sua Saída. Pode ser representada por marcações no espaço da cena);
·
Personagens secundários (Personagens
interpretados pelo narrador);
·
Protagonista (Personagem
principal da história);
·
Sonoplastia (conjunto de sons
vocais ou de instrumentos utilizados para sublimar as ações em cena seja pelo
próprio contador ou por um profissional de apoio);
·
Acompanhamento sonoro (Sequência de sons e
ruídos que faz parte das cenas na criação do clima necessário ao espetáculo
narrativo, podendo ser criado em cena pelo próprio narrador, com a técnica do “Barbatuques”, criada em 1995 com
grupos incluindo adultos e crianças,
pelo Brasil e no exterior, em rganizações artísticas e educacionais das mais
variadas áreas já vivenciaram esse trabalho (como o elenco do espetáculo
Saltimbanco do Cirque de Soleil). - uma proposta pedagógica baseada na utilização do corpo como
instrumento musical. De forma prática e coletiva).
Link para quem desejar saber mais sobre a arte do “Barbatuques”:
http://www.barbatuques.com.br/br/index.php/oficinas-e-workshops/geral/
6. TAREFA DE CASA: Escolha uma história
de seu autor preferido e traga para contar no próximo encontro.
7. MÚSICA DE ENCERRAMENTO,
COM TODOS EM PÉ:
Todo mundo conta histórias! (Pollo Cabrera – chileno contador de histórias e
cantor compositor, hoje residindo na Ilha de SC).
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