ACADEMIA BRASILEIRA DE CONTADORES DE HISTÓRIAS (ABCH-MATRIZ)
MARICOTA!
Maricota viva a se destacar entre todas as outras. Seu espírito de aventura e ousadia a levava a todos os cantos do mundo. Nada a temia. Ela não tinha limites. Era só imaginar algo, lá ia Maricota a bater suas asas por onde queria. O dono do lugar, que no início ficava a admirar Maricota, agora, já aborrecido com o seu estilo, começou a matutar um jeito de mudar suas atitudes que, na visão do homem, estavam contagiando as outras moradoras do lugar, que já estavam a copiar. Maricos era muito ousada.
Certo dia o dono do lugar fincou um cajado no meio do campo, e amarrou Maricota com uma corda de dois metros. O mundo que antes era tão amplo, agora reduzido a exatamente onde a corda permitia Maricota chegar. Ali ela passava os dias. Ela ficou a ciscar, comendo e dormindo, passou a estabelecer sua nova vida.
Maricota, agora, com o seu andar reduzido ao círculo, a grama do lugar foi desaparecendo. Tudo foi perdendo a cor, o sabor, a magia... Era interessante ver delineado um círculo perfeito em volta dela. Do lado de fora onde Maricota não podia chegar, a grama verde, do lado de dentro, só terra.
Depois de um tempo, o dono do lugar... Aquele homem incomodado com a primeira Maricota, começou a pensar... Ele se compadeceu da nova Maricota. Ela, antes tão inquieta e audaciosa, era agora uma apática imagem. Então a soltou.
Agora Maricota estava livre!
Estranhamente, Ela não ultrapassava o círculo feito por ela. Era outra... Só ciscava dentro de sua delimitação. Olhava para além do seu limite, mas sua coragem não era suficiente para se aventurar sair do novo lugar. E assim Marico foi até o seu fim.
É certo que nascemos tendo os nossos horizontes estabelecidos, inicialmente, estabelecido por outros, depois por nós. Como limite, mas as pressões do cotidiano fazem, com o passar dos dias, com que os nossos pés fiquem presos a um chão chamado rotina. Há Maricotas que enfrentam crises e vencem... Outras vivem momentos confusos, de violentas crises em suas vidas, sem a coragem de tentar algo novo e, com suas próprias pernas, tirá-las de determinada situação. Assim feito o dito Homem dono do lugar, ficam a admirar os que têm a ousadia de recomeçar, porém, sem meta e sem organização de espaços, tempo, sonhos, essas Maricotas diante dos seus limites e da liberdade sem coragem, buscam algum culpado e vão ficando dentro do seu "círculo" entre dúvidas, choros, indecisões... é quando a maioria chega no seu limite!
Maricota era só uma galinha que perdeu o seu estilo. E você?
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