domingo, 20 de julho de 2014

ENCONTRO DO BRUPO BOCA DE LEÃO - 11.07.2014



ANÁLISE LITERÁRIA - CONTINUAÇÃO DO ESTUDO ANTERIOR

APRESENTAÇÃO DA TAREFA 

Após a leitura do conto de Cortázar e debate em grupo e a apresentação das impressões sobre o autor e sua produção, abriu-se espaço para a discussão sobre uma variedade de assuntos relacionados à análise da narrativa.

CARACTERÍSTICAS DA COMPOSIÇÃO RELACIONADA AO TEXTO DE CORTÁZAR 


Dentre uma variedade de opções apontadas em grupo, obtivemos as seguintes características:

Características físicas, psicológicas, sociais, ideológicas e morais das personagens envolvidas e do próprio narrador.


TEMPO: Ficou evidente a abordagem hora fictícia, hora ligada à realidade, interno ao texto e entranhado no enredo. Algo a ser discutido no encontro posterior.

FATOS: Os fatos no enredo estão ligados ao tempo em vários níveis:

a)    Época em que se passa a história;
b)    Duração da história;
c)    Tempo cronológico;
d)    Tempo psicológico;
e)    Espaço;
f)     Ambiente;

CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE:


- época (em que se passa a história);

- características físicas (do espaço);

- aspectos socioeconômicos;

- Aspectos psicológicos, morais e também religiosos, já que o enredo envolve um plano sórdido, de traição e possível assassinato. 

O texto não é para criança, por isso foi escolhido para o estudo da narrativa pela complexidade da estruturação da narrativa que foi colocada ao lado de um conto infantil, para mostrar ao grupo a sua potencialidade no clareamento das ideias levantadas e sua importância para o estudo mais avançado. Um conto que obrigou os leitores à leitura em voz alta e à repetição da mesma até entender a linha de pensamento do autor, ou aproximar-se dela.

Sobre o autor e seu estilo, foi levantada uma discussão em torno dos benefícios da leitura na vida do escritor e seu processo de criação literária. Porém, nem todos concordaram com a ideia de quem lê muito, torna-se um bom escritor - um assunto que gerou um debate qualitativo em volta do fazer literário, do bom ou péssimo escritor. Segundo algumas colocações em grupo, durante o debate, a leitura é algo que pode ser dispensada por aqueles que não gostam de ler, mas que nem por isso, deixarão de ser um bom escritor. Esta foi uma visão que ainda será debatida no próximo encontro, pela sua complexidade, até que se chegue à uma aceitação homogênea em torno da necessidade do escritor reservar uma parte de seu tempo para a leitura de outros autores.

Ao final do debate, foi entregue um conto de Calvino que foi lido em conjunto (voz alta) - um estilo diferente do processo criativo de Cortázar, que estará em pauta no encontro de agosto.

Foto

Em breve estarei anexa uma filmagem sobre o debate durante esse encontro!

(Redação de Claudete da Mata) 
  

Estiveram presentes: Viviane R. dos Santos, Saray Martins, Aparecida Facioli, Idê Bitencourt. Devido o tempo chuvoso, os demais preferiram não sair de casa.

FORMAÇÃO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS - 10.07.2014

 


"O gosto de contar é idêntico ao de escrever – e os primeiros narradores são os antepassados anônimos de todos os escritores. O gosto de ouvir é como o gosto de ler. Assim, as bibliotecas, antes de serem estas infinitas estantes, com as vozes presas dentro dos livros, forma vivas e humanas, rumorosas, com gestos, canções, danças entremeadas às narrativas. (MEIRELES, 1979, p. 42) [...] é a Literatura Tradicional (literatura oral) a primeira a instalar-se na memória da criança. Ela representa o seu primeiro livro, antes mesmo da alfabetização, e o único, nos grupos sociais carecidos de letras. Por esse caminho, recebe a infância a visão do mundo sentido, antes de explicado; do mundo ainda em estágio mágico. Ainda mal acordada para a realidade da vida, é por essa ponte de sonho que a criança caminha, tonta do nascimento, na paisagem do seu próprio mistério. Essa pedagogia secular explica-lhe, em forma poética, fluida, com as incertezas tão sugestivas do empirismo, o ambiente que a rodeia, - seus habitantes, seu comportamento, sua auréola. Vagarosamente elaborada, pela contribuição de todos. Esta literatura possui todas as qualidades necessárias à formação humana. Por isso, não admira que tenham tentado fixá-la por escrito, e que, sem narradores que a apliquem no momento oportuno, para maior proveito do exemplo, a criança se incline com ávida curiosidade para o livro, onde esses ensinamentos perduram." (MEIRELES, 1979, p. 66. 

REFINAMENTO DA PRÁTICA DA ORALIDADE: EXERCÍCIO DE ESTÍMULO DA CONSCIÊNCIA CORPORAL!

DINÂMICA DE GRUPO 


Iniciei a aula com uma dinâmica de grupo, momento em que o orientador reúne o grupo em círculo, orientando-o que faça o mesmo que ele, repetindo gestos e palavras, sem comentários e desvio de atenção, procurando a autodisciplina, concentração e atenção voltada a todos os comandos a serem reproduzidos, e que controlem a ansiedade evitando prosseguir junto com a orientadora.

DINÂMICA DE GRUPO – OS CAÇADORES DE URSOS!
(Brincadeira de roda de domínio público, adaptada por Claudete da Mata para fins de dinamização de grupos)

ORIENTADOR(A): Vamos caçar ursinhos? Vamos? Então vamos!
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR: Vamos atravessar a floresta? Vamos? Então vamos!
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Ui!!! É uma aranha!
GRUPO: Repete frases e gestos.
Dai por diante, o orientador vai criando todos os obstáculos possíveis, dentro de um tempo imaginário, até chegar ao local dos ursos.
ORIENTADOR(A): Vamos passar naquela pinguela (ponte suspensa)? Vamos? Então vamos...
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Ai ai... Meu estômago!!! Vou vomitar...
O orientador vai colocando no texto situações que provoquem sensações e estranhamentos, cuja com a intenção de levar o grupo à exteriorização de sentimentos, sensações psicológicas, repulsa, nojo, etc. Elementos necessários à provocações de aspectos individuais indispensáveis à narração oral e à vida do universo imaginário.
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Ufa!!! Olhe lá... É um rio. Vamos atravessar o rio? Vamos? Então vamos!
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Que água fria... Gelada... Uuuuuuuuui!!! Meus ossos...
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Ufa!!! Vamos correr? Vamos? Então vamos!
O grupo corre em círculo, seguindo o ritmo de corrida do orientador, sem sair do círculo, isto encerraria o jogo.
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Estamos chegando... Ufa, que cansaço...
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Vamos descansar? Vamos? Então vamos!
E todos vão se sentando numa sincronia uniforme.
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Vejam!!! Chegamos... É a casa dos ursinhos!!!
A orientadora fala sussurrando com o dedo indicador cruzando os lábios.
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Agora vamos andar nas pontas dos pés, vamos? Então vamos!
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Psiu... Chegamos! Vamos olhar pela fechadura? Vamos? Então vamos!
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Psiu!!! Eles estão dormindo... Vamos abrir a porta? Vamos? Então vamos!
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A) – Caminha até o centro do círculo, pelas pontas dos pés, em silêncio se curva com o olhar fixo no centro do círculo: Psiiiiiiiiiiiiiu! Eles são tão bonitinhos... Fofinhos... Quentinhos...
GRUPO: Repete frases e gestos.
ORIENTADOR(A): Vamos pegar os ursinhos, vamos? Então vamos!
E o orientador pula sobre os ursos imaginários, soltando um URRO forte e alto, voltando-se para trás e fazendo o jogo inverso até chegar ao ponto de partida inicial.
GRUPO: Repete frases e gestos, seguindo o orientador, sem sair do jogo.
ORIENTADOR(A) – Em silêncio, sobe os braços até as altura esticando-se, com 2 min de relaxamento, finalizando a dinâmica sem desorganizar o círculo.
GRUPO: Repete todos os gestos.

(Dinâmica adaptada por Claudete da Mata, desde 1998, extraída de uma brincadeira de roda de domínio público de autoria desconhecida)

Após a dinâmica, apresentei o quadro contendo sete elementos importantes à narração oral:


Ao serem questionados, por onde cada um inicia as suas histórias, a primeira resposta foi: 

- Inicio pelo começo, porque toda história tem começo, meio e fim!
E a pergunta só foi compreendida

Por onde você inicia sua narração oral?
Vamos praticar?
Sem receios, mostre-se! Agora é hora de começar a nossa prática de refinamento, vamos?

Dinâmica da caixinha: O orientador entrega a cada participante uma carta da caixinha. Para descontrair o grupo, ele lança alguns questionamentos que estarão situando os contadores, incitando-os ao jogo de improviso, que pode começar assim:

Por onde começar?
Vamos exercer um pequeno “jogo de improviso”?
Mostre que você consegue atender um chamado de ultima hora, aqueles que de repente você diria, sem pensar duas vezes, um “Não” bem grande, caso eu fosse alguém do outro lado da linha à procura de um contador de histórias.
Então agora é hora de contar. Vem, vamos começar!
E o orientador inicia o jogo.

Regra especial: O contador tem a liberdade de ligar o início da história contida na carta a um acontecimento ou uma história ligada aos fios de sua memória, livre para soltar a imaginação e deixar o seu narrador falar.

OBS. A caixinha contendo cartas com uma série de inícios de história, fatos e acontecimentos qualquer, alguns engraçados, outros absurdo e outros muito estranhos, mas que levaram os participantes, ao pegarem suas cartas, com um tempo de 3 minutos para ler e entrar no jogo de improviso, provocando estranhamentos em alguns e animação em outros. Hoje, alguns contadores sentindo-se retraídos e de certa forma, incapazes para brincar com as cartas, subiram ao palco do auditório da BPSC um tanto retraídos e com medo de errar. Porém, conseguiram desempenhar muito bem os seus papéis e desenvolver o conteúdo de suas cartas.

Ao iniciar o jogo, todas as apresentações foram filmadas para serem inseridas em DVD regravável, solicitado a cada participante, e por meio do qual cada um poderá fazer uma avaliação de sua práxis – momento em que, ao deparar-se com os problemas até então não vistos, poderá estar trabalhando com as possibilidades oferecidas pelo curso, no refinamento de suas práticas. O importante é que se alcance um nível de disciplina, organização, concentração e atenção voltada aos elementos indispensáveis à narração oral, trabalhados no decorrer do curso.
Neste DVD estará sendo armazenadas todas as práticas desenvolvidas até o final desta primeira fase do curso.

Após este primeiro jogo, foi lida a tarefa a ser feita apresentada na próxima aula (24 de julho/14): Responder a partir de um momento de reflexão, as seguintes perguntas:

Quem sou?
De onde venho?
Por que estou aqui?
O que me levou até à Biblioteca Pública de SC?
O que pretendo fazer com o curso de Formação de Contadores de Histórias?
Qual será o conto que escolherei para ser trabalhado até outubro?
Quem escolhe quem?
Quais as minhas histórias preferidas?
Por que não gosto de certas histórias, por exemplo:............
O que mais me fascina nos contos que me escolhem?
O que faço ao abrir a porta para os contos?
Como devo me preparar e começa-los?
Fiz minha escolha e agora o que devo fazer?
Será que o nosso deu certo? E agora?
Antes de apresentar o conto, você pode dizer qual a sua relevância?
Você é adepta das histórias politicamente corretas? Por quê?
Agora que você sabe da relevância do conto, você tem condições, gosta ou não de brincar com as suas linguagens?

Agora que você concluiu suas respostas reflexivas, leia e veja o quanto você é capaz! Viu? Agora envie seu texto para mim por e-mail. Estou esperando!

1ª Bibliografia consultada: MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. São Paulo: Summus, 1979.

Aula elaborada por Claudete da Mata!

OBS. Devido a comemoração dos 2 anos da Oficina Literária Boca de Leão, o grupo estará apresentando a tarefa no encontro de agosto!
No dia 24 de julho, o grupo estará narrando histórias ao público convidado!