sábado, 31 de agosto de 2019

Da Cultura Popular da Ilha de Santa Catarina: Brincadeira do Boi de Mamão!

Foi uma vivência mágica - um encontro com a encantaria dessa Brincadeira que eu diria, mais que centenária... Sempre viva na nossa ilha de Santa Catarina. Ação 100% voluntária. Só pelo prazer de preservar a tradição e perpetua a nossa ancestralidade.
Doei esse boi para a centenária Biblioteca Pública de Santa Catarina, bem no centro da nossa capital, falante Nossa Senhora do Desterro - lugar de meus antepassados ilhéus.
E quem deseja saber de onde veio a "Brincadeira do Boi de Mamão", uma tradição passada de geração à geração, que trago para os meus honrosos leitores, assim na versão da História que meu Avô Contou?
E chamei essa lembrança da nossa Cultura Popular e a acordei no dia 22.08.2019, como não gosto de dar oficina de confecção de elementos usados nas brincadeiras culturais, sem antes falar um pouco da história que os originou - nessa tarde, antes da matéria bruta começar a ser lapidada, a ganhar forma, levei os saberes de minha infância aos envolvidos nesse contexto da nossa Cultura Ilhéu de Santa Catarina, sobre o por quê do nome #Boi de Mamão, de onde veio...? 
"Brincadeira do Boi de Mamão" acontece na imaginação sendo tecida por Mãos que Tecem Histórias para cativar memórias... Sem jamais esquecer de que: "Quem cativa, cuida..."
Assim aprendo e também ensino com a Cultura passada de boca em boca... E foi um dos nativos do sul da Ilha de Santa Catarina quem me cativou - meu avô paterno, o marujo que viajou por muitos mares: Corcínio João da #Mata, aquele que construiu o Farol da Praia dos Naufragados - que numa tarde de Sol escaldante à beira do mar da Freguesia da Caieira da Barra do Sul da Ilha, ele estava sentado no seu velho banquinho de madeira, feito por ele, a picar tabaco para acender seu palheiro feito com palha de milho. Ele, de cabeça baixa, ora e outra a olhar nos meus olhos, foi contando essa #história da História, que na sua vivência foi assim: 
"Minha neta, tu sabes que antes dos portugueses chegar aqui, os espanhóis chegaram primeiro... Aqui deixaram um costume que agradou a gente. Eles trouxeram a #tourada. Até teu bisavô trouxe montou um circo de tourada e algumas outras brincadeiras que deves lembrar se tens memória boa - era a dança dos cachorros vestidos de gente, lembras? E só depois é que vieram os portugueses com a farra do boi e daí dessas duas histórias: tourada e farra do boi, começamos a inventar a #Brincadeira do Boi de Mamão com a cabeça feita de mamão verde, os galhos do boi era de galho de árvore, galho seco pra não pesar muito, o corpo era um lençol branco que depois foi sendo enfeitado pelas avós da gente, as que sabiam costurar os desenhos no pano... e daí por diante a gente foi inventado e fazendo os outros bichos. Mas a gente tem na nossa família o teu tio João, lá da Carvoeira no Saco dos Limões, que fez o primeiro Boi de Mamão do Saco... Te lembras? E pra mim a gente copiou essa brincadeira foi da Tourada, onde era muito divertido e até perigoso. Mas há quem copiou dos portugueses, porque não viveram esse tempo das touradas. É disso que lembro, visse?"
Foi assim meu avô terminou essa história fantástica. E o cigarro de palheiro que ele acendeu a soltar uma baforada de fumaça a desenhar um círculo sobre a minha cabeça, me foi como um fechamento de um conto bem contado. 
Eu ensinando e contando - contando e acordando fios de memórias...
E viajei nessa história com meu avô. Foi nesse momento ao som de suas palavras bem contadas que consegui lembrar do circo de tourada; de quando minha mãe arrumava eu e meus irmãos para irmos ver a parte da dança dos cachorros - eles eram colocados no meio da arena, em círculo a dançar uma música que eu cantarolo até hoje sem citar a letra. Eu era uma criança com menos de três anos de idade - uns dois anos e meio, esperta com muitas lembranças ativadas nesse dia em que sentei a ouvir essa e outras #histórias que meu A contou; que aos poucos estarei aqui a resgatar. E foi mesmo ele quem construiu o #Farol da Praia dos Naufragados do Sul da Ilha de SC, e cuidou até sua partida final. Meu avô era um nativo da Ilha de SC muito conhecido e sua foto está na parede do histórico #Bar do Arantes, na Praia do Pântanos do Sul da Ilha de SC, junto às fotos dos acontecimentos e das pessoas que marcaram nossa História. Quem duvidar, é só passar por lá e conversar com os moradores nascidos nesse lugar... (#Claudete T. M.s)





E tivemos conosco a Administradora da Biblioteca Pública de Santa Catarina, a jovem Cleonice Schmitt, natural do Oeste catarinense. Uma pessoa e uma profissional envolvida com a Cultura a tornar esse ambiente mais atrativo, além de guardar livros e receber leitores, pesquisadores, seus visitantes diários..
Quem não conseguiu completar sua ação no dia 22.08, retornou no dia 23.08 e voltou para casa feliz com o personagem escolhido: o Boi de Mamão, protagonista principal dessa Brincadeira. E sempre serei Grata a Deus por todos esses momentos e essas pessoas que ainda acreditam no poder da imaginação/criação/preservação de nossas histórias... Também de nossos leitores sempre atentos ao que estamos a fazer em palavras e em ações concretas. Gratidão!

Facilitadora, sonhadora, realizadora Claudete T. da Mata - neta do marujo contador de histórias, la do sul da Ilha de SC. Ele já não está mais na aldeia Terra.


sexta-feira, 9 de agosto de 2019

DIA 09 DE AGOSTO - DIA INTERNACIONAL DOS POVOS INDÍGENAS

O Dia Internacional dos Povos Indígenas ainda presta homenagem a todas as contribuições culturais e sabedorias milenares que esses povos transmitiram para as mais diversas civilizações no mundo.
De acordo com o senso demográfico de 2010, no Brasil existem mais de 800 mil indígenas, repartidos em aproximadamente 305 etnias diferentes, com cerca de 274 idiomas. Esses dados mostram que no Brasil ainda existe uma população indígena expressiva e que deve ser preservada.
Origem do Dia Internacional dos Povos Indígenas!
O Dia Internacional dos Povos Indígenas foi instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, em 23 de dezembro de 1994, através da resolução 49/214.
O primeiro Dia Internacional dos Povos Indígenas foi comemorado em 9 de agosto de 1995, marcando o início da primeira década internacional dos indígenas (1995 a 2004).
Em 2007, comemorando a segunda década internacional dos indígenas, foi aprovada a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Entre alguns dos principais pontos da Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas, destaca-se:
* A inserção dos indígenas na Declaração Internacional dos Direitos Humanos;
* Direito à autodeterminação, de caráter legítimo perante todas as entidades internacionais;
* Inibição de remoção dos indígenas de seus territórios de modo forçado;
* Direito à utilização, educação e divulgação dos seus idiomas próprios;
* Direito à nacionalidade própria;
* Direito de exercer suas crenças espirituais com liberdade;
* Garantia e preservação da integridade física e cultural dos povos indígenas;
* Auxílio do Estado às comunidades indígenas a fim de manterem os seus direitos básicos.
Além do Dia Internacional dos Povos Indígenas, no Brasil ainda se comemora o Dia do Índio, em 19 de abril.
OBS. Tenho orgulho de dizer que sou tataraneta de uma índia do sul da Ilha de Santa Catarina, com um marujo catalão. por isso, penso, que meu gosto, minha paixão por narrativas de contos indígenas venham de minhas veias ancestrais. narrar as lendas e os contos indígenas, me faz voltar ao tempo em que ouvi meu avô parteno, sentado em um banquinho de madeira, à beira-mar, no Sul da Ilha de SC, a me contar sobre meus ancestrais. Ele deu-me suas mãos enrugadas a me conduzir com sua voz lapidada pelo tempo, dando-me a oportunidade de conhecer esse universo ancestral..., viver cada momento dito por ele, cada palavra a me fazer sentir o quão somos parte de tudo o que falamos, contamos, mostramos, olhamos, ouvimos, o livro por onde caminhamos... Somos até partes do chão em que pisamos, aprendemos a engatinhar, depois a caminhar com andar de filhotes de patos, sem sermos gratos, muitas vezes... Sei que a maioria de nós, mal sabe da própria história, por isso passa pelo mundo sem compreender muitos momentos seus e do outro... (Claudete T. da Mata) 

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Sobre Maneiras de Contar Histórias!

(Claudete T. M.s - Narrando Histórias pela ABCH, na Feira Catarinense do Livro/Florianópolis/SC/2016)
Existem várias maneiras de contar histórias, as quais fazem parte do estilo do narrador oral. E para cada maneira, o mais importante e gostar da histórias, narrá-la sem o faz-de-conta. É preciso acreditar na história, por mais absurda que ela seja, para que ela passe a ser verdadeira para quem ouve. Se assim não for, é preferível nem começar. Para o Contador de Histórias, é imprescindível conhecer seu estilo, para não estar a se atrapalhar, forçar algo que não faz parte de si... Por isso a importância da capacitação/formação/inovação, com um formador que trabalhe sua consciência afetiva, emocional, amorosa,leitora, corporal, vocal, performática, narrativa, social... As histórias necessitam de um narrador oral consciente de seu todo. Uma ação pela metade, é só uma metade. Você já se imaginou pela metade, quando poderia estar inteiro na sua inteira encantaria? 
Os ouvintes-leitores, para que se deliciem com a contação de histórias, o narrador oral precisa estar inteiro dentro das histórias e ela nele. É o dito que muitos dizem: O casamento do Contador com a História. É diante deste incrível casamento, que se conquista o leitor-ouvinte. Como chegar neste estágio? É preciso que primeiro aconteça o que chamamos de namoro entre o narrador e a história. Existe uma variedade de meio, desde que o narrador oral enteja aberto ao fazer bem a sua parte. Como?
Primeiro: O Contador de Histórias precisa estar bem/certo/seguro/firme e gostar (de corpo e alma) do que está a fazer...
Segundo: Não ter mil histórias para contar em tão pouco tempo, também estar sem tempo para conhecer cada uma delas... Lembra do namoro?
Terceiro: Os cuidados que se deve ter com a arte narrativa - os quais dão qualidades/valorização à contação.
Quarto: Evitar ações perigosas. Exemplificando, entrar em cena com uma história desconhecida. Aqui você deve estar a dizer: Como alguém vai contar uma história que não conhece? E lhe digo: é quando o Contador passa a narrá-la sem conhecer o seu universo, seus personagens, suas entrelinhas sem antes ter estudado/namorado com a história... É semelhante ao Mediador de Leitura que, sem a experiencia necessário, pega um livro no ato e começa a ler em voz alta, hora se atrapalhando nas pausas durante a troca de página, hora tateando na própria leitura ao sentir-se desconfortável por algo fora de seu próprio controle que marca algumas de suas necessidades de capacitação técnica, para a aquisição de aprendizado que empodere-o neste quesito: Mediação de Leitura, também...
Na falta da escolha do livro, a falta de namoro/casamento com a história, no momento na contação a história até pode encantar o contador, mas não o ouvinte-leitor, até mesmo o próprio autor, caso ele esteja presente. Já imaginou aquele autor chegando até você a lhe dizer: "Você acaba de estragar a minha história..." Isso é broxante, para o Narrador de Histórias autoriais. ao contrária da narração das literaturas tradicionais em que as brincadeiras e os encantamentos que levam o Contador de Histórias aos exageros, até permitem desde que não desencaminhem o seu enredo, mesmo que em cada momento de contar o contador está a aumentar um ponto.
Por hoje, para que eu não fique transbordando de resultados das minhas leituras/estudos e pesquisas, é isso. Até nosso próximo Bate-papo - Deixe sua mensagem, mesmo que seja uma crítica ao meu texto - todas as críticas são pontes para grandes aprendizados!
#Claudete T. M.s
Contadora de Histórias, Mediadora de Leitura Animada, Escritora, Pesquisadora da Arte Narrativa com vivências e experiências de importantes Memórias Vivas, Sonhadora da Cia#MãosqueTecemHistórias....... 
Meus incentivadores: Mestre Francisco GregorioLenice GomesCléo BusattoGloria Kirinus, Rubem Alves, Walter Benjamin, Maria Clara Cavalcanti e outros maravilhosos pensadores da Arte da Contação de Histórias e da Filosofia Narrativa Ancestral.

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