É assim que uma narradora oral vive a se perguntar. E parecendo filosofar, ela continua:
E a tarefa
é fácil?
Para uns sim, para outros não!
Para uns sim, para outros não!
Eu digo com
todas as letras: Ser contador de histórias não é uma tarefa qualquer, é puro prazer com gostinho de quero mais. Se virar tarefa, o gosto some e na falta dele, aí sim, vira
coisa difícil. E coisa difícil não cabe no coração.
Ser contador
de histórias é ser alguém que sai pelo mundo, ora centrado, ora fora da
casinha, ora levando uma multidão consigo, ora sendo mal entendido, ora
mergulhado num branco a dizer coisas na tentativa de voltar ao lugar de
partida... O que importa? Tudo isto e muito mais, por exemplo, estar aqui sem
ser roubado por outros motivos. Se não o fosse, não estaria aqui a surrar o tempo
com os meus dedos a catar milho no meu teclado já um tanto gasto.
É fácil
abrir o peito e rasgar a boca até os brincos das orelhas só para falar:
- Sou
contador de histórias!!!
Vai dizer
que não... Claro que sim... Ou quem sabe, de repente, se não sou algo difícil,
agarro-me nas asas da liberdade e saio por este mundão de Deus, que costumamos
dizer:
- É o
universo do coração e para entrar nele, basta pular de fora para dentro... Caso
contrário, nada vai acontecer. E no lugar de um “contador de histórias”, a plateia
tem um “papagaiador de estórias”
Eu por
exemplo, pela força da paixão por esta arte, desde a era das cavernas, lá do
tempo em que nem o "B, A, Ba" eu sabia falar, não consigo passar uma
hora do meu dia, presa na minha atual caverna, sem o meu teclado para fazer o
que estou fazendo agora, só pra você. Agora, esfregando meus olhos ardentes do
sono a bater nas minhas pestanas, preciso render-me a ele.
Amanhã
estarei de volta. Boa noite!
Booooooom
dia! Acabei de tomar o meu café desta manhã de setembro, à beira da primavera. Dia
18, faltando três dias para a tão esperada estação que, desde a minha meninice,
eu repetia: “Ebaaaaaa..... Tá chegando o tempo das flores e dos beija-flores...
Ebaaaaaaaaaaaaaa...”
Os passarinhos
já começam uma grande orquestra, lá no fundo do meu minúsculo quintal coberto
de uma minifloresta de “chapéu de couro”, onde grandes seresteiros fazem suas
moradas.
Tem o senhor
Sabiá sempre a cantarolar, já à 4h da manhã, e à tardinha, no final do dia, lá
pelas 18h ele volta à suave cantoria. É uma canção que parece pura saudade,
sabe-se lá de quem. Somente ele sabe!
Tem a dona Correca
a cantar o seu “reco, reco, reco, reco...” Experimente cantar esta letra para ouvir
o passatempo da dona Carroira (como muitos a conhece). Ela tem uma casinha de
madeira pendurada na parede, um presente que comprei para ela há mais de 8
anos. Desde então, dona Correca sempre faz um ninho bem fofo e nele põe os seus
minúsculos ovinhos. Até parei de contar às vezes que a senhora Chupim chegava
de soslaio para por seus ovos entre os ovinhos da dona Correca, que choca seus
ovos sem preconceitos. Ao nascer a ninhada, entre ela os adotivos, todos são
alimentados, igualmente. É pura lição de vida. Por que não dizer: “Pura lição
de amor!”
Você até
poderá pensar: “Que bobice, animais não amam..., agem por instinto.”
Eu
responderia: “Então, muitos dos nossos semelhantes, se agissem iguais à dona
Correca, não jogariam os seus rebentos para fora do ninho..., em latas de lixo
ou até na própria lixeira a céu aberto para o senhor Urubú e seus familiares chegar
e se fartar até encher a pança. Estou errada?”
Querido leitor, agora vou pegar minha triciclo e pelar na Beira-mar de São José da antiga Terra Firme de Santa Catarina.
Tenha um Dia de Luz!
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