quinta-feira, 18 de setembro de 2014

SER OU NÃO SER UM CONTADOR DE HISTÓRIAS?



É assim que uma narradora oral vive a se perguntar. E parecendo filosofar, ela continua:

E a tarefa é fácil? 

Para uns sim, para outros não!

Eu digo com todas as letras: Ser contador de histórias não é uma tarefa qualquer, é puro prazer com gostinho de quero mais. Se virar tarefa, o gosto some e na falta dele, aí sim, vira coisa difícil. E coisa difícil não cabe no coração.

Ser contador de histórias é ser alguém que sai pelo mundo, ora centrado, ora fora da casinha, ora levando uma multidão consigo, ora sendo mal entendido, ora mergulhado num branco a dizer coisas na tentativa de voltar ao lugar de partida... O que importa? Tudo isto e muito mais, por exemplo, estar aqui sem ser roubado por outros motivos. Se não o fosse, não estaria aqui a surrar o tempo com os meus dedos a catar milho no meu teclado já um tanto gasto.

É fácil abrir o peito e rasgar a boca até os brincos das orelhas só para falar:

- Sou contador de histórias!!!

Vai dizer que não... Claro que sim... Ou quem sabe, de repente, se não sou algo difícil, agarro-me nas asas da liberdade e saio por este mundão de Deus, que costumamos dizer:

- É o universo do coração e para entrar nele, basta pular de fora para dentro... Caso contrário, nada vai acontecer. E no lugar de um “contador de histórias”, a plateia tem um “papagaiador de estórias”

Eu por exemplo, pela força da paixão por esta arte, desde a era das cavernas, lá do tempo em que nem o "B, A, Ba" eu sabia falar, não consigo passar uma hora do meu dia, presa na minha atual caverna, sem o meu teclado para fazer o que estou fazendo agora, só pra você. Agora, esfregando meus olhos ardentes do sono a bater nas minhas pestanas, preciso render-me a ele.

Amanhã estarei de volta. Boa noite!

Booooooom dia! Acabei de tomar o meu café desta manhã de setembro, à beira da primavera. Dia 18, faltando três dias para a tão esperada estação que, desde a minha meninice, eu repetia: “Ebaaaaaa..... Tá chegando o tempo das flores e dos beija-flores... Ebaaaaaaaaaaaaaa...” 

Os passarinhos já começam uma grande orquestra, lá no fundo do meu minúsculo quintal coberto de uma minifloresta de “chapéu de couro”, onde grandes seresteiros fazem suas moradas. 

Tem o senhor Sabiá sempre a cantarolar, já à 4h da manhã, e à tardinha, no final do dia, lá pelas 18h ele volta à suave cantoria. É uma canção que parece pura saudade, sabe-se lá de quem. Somente ele sabe!

Tem a dona Correca a cantar o seu “reco, reco, reco, reco...” Experimente cantar esta letra para ouvir o passatempo da dona Carroira (como muitos a conhece). Ela tem uma casinha de madeira pendurada na parede, um presente que comprei para ela há mais de 8 anos. Desde então, dona Correca sempre faz um ninho bem fofo e nele põe os seus minúsculos ovinhos. Até parei de contar às vezes que a senhora Chupim chegava de soslaio para por seus ovos entre os ovinhos da dona Correca, que choca seus ovos sem preconceitos. Ao nascer a ninhada, entre ela os adotivos, todos são alimentados, igualmente. É pura lição de vida. Por que não dizer: “Pura lição de amor!”

Você até poderá pensar: “Que bobice, animais não amam..., agem por instinto.”

Eu responderia: “Então, muitos dos nossos semelhantes, se agissem iguais à dona Correca, não jogariam os seus rebentos para fora do ninho..., em latas de lixo ou até na própria lixeira a céu aberto para o senhor Urubú e seus familiares chegar e se fartar até encher a pança. Estou errada?”

Querido leitor, agora vou pegar minha triciclo e pelar na Beira-mar de São José da antiga Terra Firme de Santa Catarina. 

Tenha um Dia de Luz! 

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