sexta-feira, 8 de maio de 2015

A ESSÊNCIA DO AMOR EM PLATÃO - O BANQUETE - Ao final, UMA HOMENAGEM ao seu Dia MÃE!

Para Platão (O Banquete) Eros é um daimónion – que significa deus, ...
 Numa festa, oferecida por um poeta que ganhou um prêmio por sua poesia, conversam cinco amigos e Sócrates. Um deles afirma que todos os deuses recebem hinos e poemas de louvor, mas nenhum foi feito ao melhor dos deuses, Eros, o amor. Propõe-se, então, que cada um faça uma homenagem a Eros dizendo o que é o amor.

Para um deles, o amor é o mais bondoso dos deuses, porque nos leva ao sacrifício pelo ser amado, inspira-nos devotamento e o desejo de fazer o bem. Para o seguinte, é preciso distinguir dois tipos de amor: o amor sexual e grosseiro e o amor espiritual entre as almas, pois o primeiro é breve e logo acaba, enquanto o segundo é eterno. Já o terceiro afirma que os que o antecederam limitaram muito o amor, tomando-o apenas como uma relação entre duas pessoas. O amor, diz ele, é o que ordena, organiza e orienta o mundo, pois é ele que faz os semelhantes se aproximarem e os diferentes se afastarem. O amor é uma força cósmica de ordem e harmonia do universo.

O quarto prefere retornar ao amor entre as pessoas e narra um mito. No princípio, os humanos eram de três tipos: havia o homem duplo, a mulher dupla e o homem-mulher, isto é, o andrógino. Tinham um só corpo, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. Como se julgavam seres completos, decidiram habitar no céu. Zeus, rei dos deuses, enfureceu-se, tomou de uma espada e os cortou pela metade.

Decaídos, separados e desesperados, os humanos teriam desaparecido se Eros não lhes tivesse dado órgãos sexuais e os ajudasse a procurar a metade perdida. Os que eram homens duplos e mulheres duplas amam os de mesmo sexo, enquanto os que eram andróginos amam a pessoa do sexo oposto. Amar é encontrar a nossa metade e o amor é esse encontro.


Finalmente, o poeta, anfitrião da festa, toma a palavra dizendo: Todos os que me precederam louvaram o amor pelo bem que faz aos humanos, mas nenhum louvou o amor por ele mesmo. É o que farei. O amor, Eros, é o mais belo, o melhor dos deuses. O mais belo, porque sempre jovem e sutil, porque penetra imperceptivelmente nas almas; o melhor, porque odeia a violência e a desfaz onde existir; inspira os artistas e poetas, trazendo a beleza ao mundo.

Resta Sócrates. “Não poderei falar”, diz ele. “Não tenho talento para fazer discursos tão belos.” Os outros, porém, não se conformam e o obrigam a falar. “Está bem”, retruca ele. “Mas falarei do meu jeito.”

Com essa pequena frase, Platão mudará todo o tom do diálogo, pois, “falar do meu jeito” significa: Não vou fazer elogios e louvores às imagens e aparências do amor, não vou emitir mais uma opinião sobre o amor, mas vou buscar a essência do amor, o ser do amor, vou investigar a ideia do amor.

Sócrates também começa com um mito. Quando a deusa Afrodite nasceu, houve uma grande festa para os deuses, mas esqueceram-se de convidar a deusa Penúria (Pênia). Miserável e faminta, Penúria esperou o final da festa, esgueirou-se pelos jardins e comeu os restos, enquanto os demais deuses dormiam. Num canto do jardim, viu Engenho Astuto (Poros) e desejou conceber um filho dele, deitando-se ao seu lado. Desse ato sexual nasceu Eros, o amor. Como sua mãe, Eros está sempre carente, faminto, miserável; como seu pai, Eros é astuto, sabe criar expedientes engenhosos para conseguir o que quer.

Qual o sentido do mito? Nele descobrimos que o amor é carência e astúcia, desejo de saciar a fome e a sede, desejo de preenchimento, desejo de completar-se e de encontrar a plenitude. Amar é desejar o amado como o que nos completa, nos sacia e satisfaz, nos dá plenitude. Amar é desejar fundir-se na plenitude do amado e ser um só com ele. O que pode completar e dar plenitude a um ser carente? O que é em si mesmo completo e pleno, isto é, o que é perfeito. O amor é desejo de perfeição.

O que é a perfeição? A harmonia, a proporção, a integridade ou inteireza da forma. Desejamos as formas perfeitas. O que é uma forma perfeita? A forma perfeita é a forma acabada, plena, inteiramente realizada, sem falhas, sem faltas, sem defeitos, sem necessidade de transformar-se, isto é, sem necessidade de mudar de forma. A forma perfeita é o que chamamos de beleza. O amor é desejo de beleza.

Onde está a beleza nas coisas corporais? Nos corpos belos, cuja união engendra uma beleza: a imortalidade dos pais através dos filhos. Onde está a beleza nas coisas incorporais? Nas almas belas, cuja beleza está na perfeição de seus pensamentos e ações, isto é, na inteligência.

Que amamos quando amamos corpos belos? O que há de imperecível naquilo que, por natureza, é perecível, isto é, amamos a posteridade ou a descendência. Que amamos quando amamos almas belas? O que há de imperecível na inteligência, isto é, as idéias. O amor pelos corpos belos é uma imagem ou uma sombra do amor pelo imperecível, mas o amor pelas almas belas é o amor por algo que é em si mesmo e por si mesmo imperecível e absolutamente perfeito.

Se o amor é desejo de identificar-se com o amado, de fundir-se nele tornando-se como ele, então a qualidade ou a natureza do ser amado determina se um amor é plenamente verdadeiro ou uma aparência de amor. Amar o perecível é tornar-se perecível também. Amar o mutável é tornar-se mutável também. O perecível e o mutável são sombras, cópias imperfeitas do ser verdadeiro, imperecível e imutável. As formas corporais belas são sombras ou imagens da verdadeira beleza imperecível. Abandonando-as pela verdadeira beleza, amamos não esta ou aquela coisa bela, mas a ideia ou a essência da beleza, o belo em si mesmo, único, real.

As almas belas são belas porque nelas há a presença, ainda que invisível à primeira vista, de algo imperecível: o intelecto, parte imortal de nossa alma. Que ama o intelecto? Um outro intelecto que seja mais belo e mais perfeito do que ele e que, ao ser amado, torna perfeito e belo quem o ama. O que é um intelecto verdadeiramente belo e perfeito? O que ama a beleza perfeita. Onde se encontra a tal beleza? Nas idéias.

O que é a essência ou a ideia do amor? O amor é o desejo da perfeição imperecível das formas belas, daquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo, daquilo que pode ser contemplado plenamente pelo intelecto e conhecido plenamente pela inteligência. Sendo amor intelectual pelo inteligível ou pelas idéias, o amor é o desejo de saber: philo sophia, amor da sabedoria. Pelo amor, o intelecto humano participa do inteligível, toma parte no mundo das idéias ou das essências, conhecendo o ser verdadeiro.

A ontologia é, assim, a própria Filosofia e o conhecimento do Ser, isto é, das ideias, é a passagem das opiniões sobre as coisas sensíveis mutáveis rumo ao pensamento sobre as essências imutáveis. Passar do sensível ao inteligível – tarefa da Filosofia – é passar da aparência ao real, do Não-Ser ao Ser.
(Marilena Chauí - "Convite à filosofia")

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Análise de Claudete T. da Mata:

Em Chauí podemos ver como o AMOR é visto numa conversa entre doutores da Filosofia, também é uma Retórica: Um sentimento, na minha visão, para uns se mostra frágil, sem fome, sem sal, sem açúcar, para outros é um gigante cheio de essência, ou um sofista repleto de nuances que faz o outro ver o imaterial...Tem aqueles que se metamorfoseiam em coisas impossíveis e quase reais. O Amor é feito notícia cheia de lados, feito teoria com sua contra-teoria, uma tese com sua antítese. Assim, como todos os sentimentos compõem as vestes Humanos cheias de ideias, o Amor é um alimento que sacia a alma carente e, também, de um troglodita. Amor também é Retórica. Cada Ser sob o efeito do Amor tem seu próprio Tom. Amor é um Tom que não se discute. Cada Tom tem sua letra, cada forma tem uma melodia, cada melodia tem um jeito de narrar, cada narração tem seu modo de tocar, de fazer querer ser, de ter e  de viver. 
No decorrer do século XX, várias correntes de pensamento tiveram sua vez de atuar: uma delas por meio das releituras do marxismo, colaborou com a importância da Antropologia, da Fenomenologia, do Existencialismo e outras que ganharam mais corpo no terceiro milênio, onde os assuntos agora tratados filosoficamente, foram agrupados para melhor serem discutidos. Eles ficaram assim:
• Epistemologia: vem da corrente filosófica do idealismo humano, onde s tema central surge da realidade de todas as coisas. Mesmo aquelas existentes fora da consciência de quem a pensa.
• Estética: Surge das predisposições humanas que primeiro revela para depois produzir, que valoriza emocionalmente aquilo que vê (objetos de qualquer natureza, até mesmo um ao outro) e as situações de qualquer natureza, constituindo o que hoje é designado por atitude estética. O termo foi introduzida à filosofia no século XVIII, pelo filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgartem - Ele publicou em 1750, a primeira obra intitulada "Estética", quando procurou analisar a formação do gosto pelo belo centrado nas manifestações naturais do Ser e do Belo Artístico. Assim como, para Pitágoras o belo consiste na combinação harmoniosa de elementos variados e discordantes, para Platão a beleza de algo, não passa de uma cópia da verdadeira beleza que não pertence a este mundo. Por sua vez, Aristóteles defende que o belo é uma criação humana que resulta de um perfeito equilíbrio de uma série de elementos, quando surge a estética de inspiração aristotélica: a beleza é associada à perfeição conseguida por uma sábia aplicação das regras da criação artística. Já, Kant atribuiu ao sentimento estético as qualidades de desinteresse e de universalidade. Foi o primeiro a definir o conceito de belo e do sentimento que ele provoca. E, Hegel veu no belo a própria encarnação da Ideia por meio da expressão, não em determinado conceito, mas numa forma sensível e adequada à criação que vem da alma. Mas eis que surge a Arte Moderna a colocar problemas considerados novos à estética. É quando vem os artistas contemporâneos rompendo com os velhos conceitos e as convenções estabelecidas à arte e sobre apela arte. 
Assim outros conceitos foram surgindo e os parâmetros filosóficos aumentando com os estudos sobre:
• Ética;
• Filosofia política;
• Lógica;
• Metafísica.
E o maior sentimento foi sendo mais e mais discutido. Não vou continuar na dessecagem de cada um dos termos. Caso contrário, iríamos longe. E o Leitor pode fazer isto. quem sabe, amanhã Eu retorno e continuo com as minhas anotações.
Voltando ao assunto inicial, quando se fala e vemos uma conversa que vira troca sobre o que é Amor? Se é mito, essência ou uma ideia humana de apego, proteção, necessidade afetiva, muitos outros modos de vê-lo e tê-lo, desde as conversas mais antigas, muitos e até os filósofos nessa conversa, se esquecem do AMOR que considero o Maior de todos:

É O AMOR DE MÃE, aquele que é maior que AMOR de pai e AMOR de filho.

AMOR DE MÃE: O MAIOR DE TODOS!

É AMOR CAPAZ DE OFERTAR A VIDA
SE A VIDA SER AMADO BENTES DE NASCER,
SEM FORÇAS PARA VIR À LUZ,
CORRE RISCO DE MORRER,
O AMOR MAIOR PREFERE FECHAR-SE PARA SEMPRE
QUE VER SEU REBENTO MORRER.

SE FOR PRECISO VER O REBENTO ENTRE QUATRO GRADES,
PARA VÊ-LO LIVRE DA MÁ ESTRADA,
A MÃE BOA NÃO FECHA OS OLHOS
E DEIXA SEU AMOR PREVALECER.
AO CONTRÁRIO DE OUTROS AMORES,
DEIXA SEU REBENTO ENTRE AS QUATRO GRADES
PORQUE SABE QUE SE FECHAR OS OLHOS E ABRIR A PORTA À LIBERDADE
VERÁ SEU REBENTO MORRER.

MESMO QUE SEU AMOR CHORE DIANTE DAS GRADEADAS, 
SEU AMOR SABE POR QUE CHORAR,
ENQUANTO O AMOR DO FILHO PREFERE CAMINHAR SOZINHO...
É O AMOR QUE NÃO SENTE A DOR DO AMOR DE MÃE...
QUE AO CONTRÁRIO DO AMOR DE MUITOS PAIS
QUE NÃO PERDEM SEQUER UM MINUTO DE SONO,
ENQUANTO SEU REBENTO NÃO CHEGA DA FESTA NOTURNA,
O AMOR DE MÃE PASSA UMA NOITE TODA DE OLHOS ABERTOS.

AMOR DE MÃE
ESPERA SEMPRE
MESMO SEM SER ESPERADO,
MUITAS VEZES,
NEM AMADO.

MAS,

É MAIOR QUE TODOS OS AMORES,
É O ÚNICO CAPAZ DE AMAR UMA CASA CHEIA DE REBENTOS
E DE DIZER UM "NÃO" BEM GRANDE,
MESMO QUE SUAS PAREDES FIQUEM EM PEDAÇOS
AO VER SEU REBENTO CHORAR...

AMOR DE MÃE SABE QUE UM ÚNICO "SIM" DITO NA HORA ERRADA
PODE MATAR O SER AMADO.
AMOR DE MÃE VENCER TUDO,
ATÉ A ULTIMA GOTA...

FELIZ DIA DAS MÃES!!!

Uma HOMENAGEM às MÃES LEITORAS, PAIS e todos os FILHOS LEITORES do Blog Boca de Leão, de Claudete T. da Mata, Ministrantes da Oficina Literária Boca de Leão e Presidente Fundadora da Academia Brasileira de Contadores de Histórias.

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