quarta-feira, 18 de setembro de 2019

BATE-PAPO: VAMOS CONVERSAR SOBRE O NARRADOR DE WALTER BENJAMIN?


Não só agora, mas há muito tempo que venho compreendendo o Filósofo Walter Benjamin a levá-lo às Oficinas de Formação de Contadores de Histórias (do Projeto Mãos que Tecem Histórias), que por meio de suas escrituras nos ensina através do seu texto "O Narrador", também no seu livro "O Contador de Histórias", onde ele revela a faculdade de contar histórias com o caso da esfera artesanal da vida – assim, sob o seu olhar de narrador pesquisador a considerar que “o conto, tal como prosperou longo tempo na esfera do artesanato” seria “ele mesmo uma forma artesanal de comunicação”.
Benjamim, nas suas abordagens nos mostra o problema do desenvolvimento da sociedade moderna e a correlata “perda progressiva da comunicabilidade da experiência”. Ele relaciona a morte da arte da "contação de histórias" com a perda de uma experiência dos próprios narradores orais nas suas vivências compartilhadas com seus pares e em cena com seus ouvintes (público), quando Benjamin expõe seus questionamentos ainda atuais, por exemplo o predomínio da forma de comunicação entre o narrador e seus ouvintes, mais centrada na informação que ao estar a exigir assimilação imediata, torna-se irreconciliável com a espiritualidade do conto e o espírito de seu narrador, por faltar um contato mais afetuoso entre a história e o contador (narrador oral).
(Se não entro no universo da história a deixar livre minha criança interior, não consigo narrar a história... E os registros em vídeo fora do aconchego junto aos ouvintes, não existiriam se tivessem que ser feitos em estúdios fechados.)
Por sua vez, continuando com o olhar de Benjamin, uma de minhas referências preferidas; a mídia de massa também não tem contribuído como deveria, muito menos como esse sábio narrador (Walter Benjamin), que em sua curta caminhada terrena, onde a vida não incluía “apenas sua própria experiência, mas também uma boa parte da experiência alheia”, quando nas suas assimilações vai “ao que tem de mais intimamente seu aquilo que aprendeu por ouvir dizer”, pela sua vasta preocupação com a morte do contador de histórias, para ele, assim para todos os sábios da arte narrativa - é o narrador de contos que por meios das histórias vão delineando mais sentido à vida em sociedade a começar de dentro para fora...
Assim interpreto as escrituras de Benjamin, sempre a nos mostrar a existência dos Contadores como Seres vestidos de amorosidade humana sem fronteiras, nem eiras. Seres leves, sempre a levar as histórias para o bem de todos, sempre com a leveza de criança sem birra, nem sentimentos de discórdias em grupo, sempre em constantes aprendizados... Eu acredito nessa visão benjaminiana de Walter Bendix Schönflies Benjamin, filósofo e crítico literário, nasceu em Berlim em 1892 e se suicidou em 1940, na fronteira da França com a Espanha, durante uma tentativa de fuga dos nazistas. Quem diz é a Senhora História a me indicar durante minhas pesquisas literárias sobre Benjamin que o mesmo preferiu cometer seu maior pecado: tirar a própria vida, para que não se visse em mãos desonradas a lhe tirar a vida por motivos fúteis - a vida que só poderia ser tirada pelas mãos de Deus, por uma enfermidade ou por ele mesmo. Foi o que fez. Ele, antes de sair do corpo material, enterrou todas as suas escrituras, as quais foram encontradas épocas depois, quando passaram a ser editadas por outros autores.

Para Benjamin, a rejeição de sua tese de habilitação, “A origem do drama barroco alemão”, o impediu de exercer a docência universitária na Alemanha. A partir de 1924 descobriu o marxismo, através da obra de Lukács, e se tornou simpatizante do movimento comunista. Foi associado à Escola de Frankfurt, o Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, criado em 1923, e seus principais escritos versam sobre o materialismo histórico, a estética e a arte, o idealismo alemão e, de maneira geral, o marxismo ocidental. Em seus ensaios, combina referências literárias e artísticas com filosofia e sociologia. Em 1933, com a tomada do poder dos nazistas, exilou-se na França. Foi amigo e correspondente de Theodor Adorno, Max Horkheimer, Gershom Scholem, Bertolt Brecht e Hannah Arendt. Seu último escrito, as Teses sobre o conceito de história, de 1940, associa o materialismo histórico ao messianismo revolucionário. Sua obra, de caráter fragmentário e ensaístico, foi parcialmente publicada em coletâneas no Brasil, incluindo Passagens (2006) e três volumes de Obras escolhidas: Magia e técnica, arte e política (1985), Rua de mão única (1987) e Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo (1989).
Vestir uma personagem em cena, brincar com as narrativas orais e até mesmo as autorais, dar voz aos bonecos, fazer um conto interativo onde não há ensaios, é um conjunto de meios utilizados pelos contadores de histórias, para alcançar seus ouvintes, são meios que podem ser tão simples e ao mesmo tempo provocadores de estranhamento na persona real, passam a ser algo material e imaterial no incentivo do imaginário de quem ouve e passa a ver tudo o que acontece do lado de dentro das histórias - algo que encanta o leitor e é capaz de ir muito além da nossa vã filosofia, nossos afetos tecidos e cena, por isso temos o poder de provocar a catarse de mão entrelaçadas com as histórias, lendas e fatos...
Tenho estado um pouco só a levar as histórias - uma experiência que me diz o quanto gosto e me dá prazer a vivência em grupo, a troca entre meus pares... Não sou do estilo narrador solo por acreditar que as vivências em grande grupo torna nós narradores mais reais - Onde nas nossas trocas podemos alcançar vida longa por meio da narrativa até ainda depois. E me remeto de volta a Benjamin que acreditava na capacidade da narrativa alcançar sua visibilidade na consciência da eternidade. Para ele, a transmissão da sabedoria da vida real torna-se possível até mesmo no ato da morte e, por sua vez, a morte é o momento marcante da narrativa. No entanto, a civilização da modernidade adotou um certo distanciamento do fenômeno da morte. E muitos hoje consideram que morrer também é um evento público para o indivíduo - e a morte foi empurrada para fora da percepção da vida. Nesse aspecto, ainda no seu tempo, não tão diferente dos tempos atuais, mesmo estando com a luz da sabedoria das narrativas em mãos, Benjamin nos aponta outra razão para a arte da narrativa estar chegando ao fim - uma razão onde todos necessitam estar juntos para chegarem à compreensão deste momento: Fim da arte da narrativa, caso não venhamos a nos unir... E 2019 está sendo o meu ano de revisão e auto avaliação e conhecimento de minha persona nascida na Aldeia Terra, uma escola com muitas provas e provações... E cá estou a me refazer a cada instante durante minhas vivências.
Escrever, sei que tem sido um meio a iluminar minhas emoções a me conhecer melhor - até estar a expulsar de mim as amarras que me impedem de caminhar sozinha, também. Quero ser uma #narradora melhor e bem longe dos padrões que mais servem para trazer rigidez às práticas narrativas, de forma a cegar muitos corações, em vez de trazer à luz os contadores de histórias com leveza de criança sedenta de doçuras e muitas travessuras.
E você precioso Leitor, o que tem a nos dizer?
(#Claudete T. M.s - Sou Profissional da área pedagógica aposentada, com dedicação à pesquisa de memórias vivas sobre lendas e contos tecidos por elas; contadora de histórias e Mediadora de Leitura Animada - metodologia de autoria própria; Avó de duas meninas que desde o ventre ouvem contos narrados por Vovó Dete. Formadora de Narradores Orais - contadores de histórias e mediadores de leitura animada, também Enamorados da Arte Narrativa...)

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