sábado, 7 de setembro de 2019

Volto nas asas do tempo e viajo nos fios de minhas memórias, na companhia das história que meu Avô Paterno contou...

Material utilizado: Caixas de papelão, bolinha de vidro e tampinhas de garrafa para os olhos, jornal para a confecção da cabeça, fita crepe e cola de trigo. E criatividade. 
22.08.2019 - Nessa Oficina de Confecção de Personagens da Brincadeira do Boi-de-Mamão - Tradição bem antiga - Brincadeira da época em que se fazia os personagens com cabeças de mamão verde. Depois, inspirados nos cirsos de touradas da tradição espanhola que vinham até a Ilha de Santa Catarina, o Boi, personagem principal, começou a ser feito com ossos de cabeça de boi (carcaça seca pelo tempo). Na época havia criação de gado e abatedores domésticos nas regiões norte e sul da ilha; onde a ossada era seca ao sol. E na época mais moderna, o Boi-de-Mamão passou a ser feito com técnicas mais avançadas, onde se utiliza até a atualidade, arame, panos coloridos ou branco/pretos com pinturas artísticas de ilustrações próprias da cultura ilhéu (ou não) - e tudo ficou bem à vontade na arte da criação dos artistas da modernidade; bem diferentes da época de nascimento dessa tradição, quando os personagens só tinham a cabeça e o corpo feito de um pano, na sua maioria um lençol que muitos tiravam dos varais das casas, sem suas donas (mães, avós, tias, irmãs, vizinhas...) saberem. E quando sabiam, muitas crianças e adolescentes da época, apanhavam (eram surrados) por terem pego o que não era seus. Mas a brincadeira continuava, mesmo que lhes doesse no lombo (costas). E a tradição ganhou as estradas da ilha, sendo hoje nosso patrimônio cultural imaterial, por lei municipal. E os artista que no início da histórias, levavam a brincadeira pelas ruas e casas, sem o cunho profissional de hoje, expressavam nossa cultura para todos e semanalmente - parecendo um ritual de fim de semana, quando brincavam pelas ruas para se alegrar e alegrar os moradores do lugar. E assim o Boi-de-Mamão ficou cada vez mais empoderado, visto, apreciado, amado por seu povo, desde os seus primeiros passos. Essas mesmas histórias, meu avô também esteve a me contar sentado no seu banquinho de madeira. E aos poucos vou vasculhando os fios da memória.
(#Claudete T. da Mata, neta do homem que construiu o #farol da praia dos Naufragados e dele cuidou até sua viagem final - era o marujo Corcínio João da Mata - nativo da Ilha de SC, descendente de índios, espanhóis e africanos).

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