domingo, 1 de setembro de 2019

"Brincadeira do Boi-de-Mamão" - Tradição cativada na Ilha de Santa Catarina, bem antes de meu bisavô paterno...

Quem deseja saber de onde veio a "Brincadeira do Boi de Mamão"?
Ouvi d eu Avô, numa tarde fogueira, com ele a picar um pedaço de tabaco/fumo, com um canivete bem afiado, sentado num branquinho, à beira-mar, nos fundos de sua casa, lá na freguesia do Ribeirão da Ilha de Santa Catarina/Brasil.
Disse meu avô, ser essa uma tradição passada de geração à geração. Tradição vinda de lugares distantes das terras do Brasil. Essa é a história que trago aos honrosos leitores que sempre vem ler o que temos para contar. Uma versão da História que meu Avô Contou.
E para espalhar a Cultura Popular de Santa Catarina, no dia 22.08.2019, na oficina de Confecção de Elementos do Folguedo Boi-de-Mamão que, antes sempre falo sobre a história que o originou o folguedo do Boi que jáfoi de pano, de saia, de salão - nessa tarde, antes de por as mãos na matéria bruta reciclável, começamos pela lapidação teórica enquanto que as Mãos que Tecem Histórias, davam início às formas, levei os saberes das minhas vivências de infância aos envolvidos escutadores, de crianças e adultos a mergulhar no contexto da Cultura Ilhéu de Santa Catarina, sobre o por quê do nome #Boi-de-Mamão, de onde veio, como chegou aqui, e como fazê-lo? 

Assim também aprendo cada vez que abro uma roda de conversar sobre Herança Cultural tecida pelos nossos ancestrais. 

Essa história também pode ser contada assim, até repetindo o que já lhes contei, acima.
Histórias são mesmo assim. Elas vêm e vão feito passarinhos e duas de verão. Elas também passam feito as uvas. Também deixam gosto de quero mais. Por isso, são passada de boca em boca. 

E essa história veo da boca de um dos narradores desse legado - o meu avô paterno, nativo do Sul da Ilha de SC. 

O marujo Corcínio João da #Mata, construiu o Farol da Praia dos Naufragados. Praia do Sul da Ilha de Santa Catarina. Ele, numa tarde de Sol escaldante à beira do mar da Freguesia da Caieira da Barra do Sul da Ilha, sentado no seu velho banquinho de madeira, feito por ele, a picar tabaco para acender seu palheiro feito com palha de milho, de cabeça baixa, entre um momento e outro, lá a olhar nos meus olhos, com sua voz doce, foi contando uma #história da História, que foi assim: 

"Minha neta, tu sabes que antes dos portugueses lá dos Açores, chegar aqui, os espanhóis chegaram primeiro. Pois bem... Aqui deixaram um costume que agradou a gente. Eles os espanhóis trouxeram a #tourada. Até teu bisavô montou um circo de tourada. Também, outras brincadeiras que deves lembrar se tens memória boa - era a dança dos cachorros vestidos de gente, lembras? E só depois é que vieram os portugueses com a farra do boi e daí dessas duas histórias: tourada e farra do boi, começamos a inventar a #Brincadeira do Boi de Mamão com a cabeça feita de mamão verde, os galhos do boi era de galho de árvore, galho seco pra não pesar muito, o corpo era um lençol branco que depois foi sendo enfeitado pelas avós da gente, as que sabiam costurar os desenhos no pano... e daí por diante a gente foi inventado e fazendo os outros bichos. Mas a gente tem na nossa família o teu tio João, lá da Carvoeira no Saco dos Limões, que fez o primeiro Boi de Mamão do Saco... Te lembras? E pra mim a gente copiou essa brincadeira foi da Tourada, onde era muito divertido e até perigoso. Mas há quem copiou dos portugueses, porque não viveram esse tempo das touradas. É disso que lembro, visse?"

E assim meu avô terminou a história e o cigarro de palheiro que ele acendeu e soltou uma baforada de fumaça a desenhar um círculo sobre a minha cabeça. Eu viajei nessa história, nesse momento e consegui lembrar do circo de tourada; quando minha mãe arrumava eu e meus irmãos para ir ver a parte da dança dos cachorros - eles eram colocados no meio da arena, em círculo a dançar uma música que eu cantarolo até hoje sem citar a letra. 

Eu era uma criança com menos de três anos de idade - uns dois anos e meio, esperta com muitas lembranças ativadas nesse dia em que sentei a ouvir essa e outras #histórias que meu #avô contou; que aos poucos estarei aqui a resgatar. E foi mesmo ele quem construiu o #Farol da Praia dos Naufragados do Sul da Ilha de SC, e cuidou até sua partida final. Meu avô era um nativo da Ilha de SC muito conhecido e sua foto está na parede do histórico #Bar do Arantes, na Praia do Pântanos do Sul da Ilha de SC, junto às fotos dos acontecimentos e das pessoas que marcaram nossa História. Quem duvidar, é só passar por lá. (#Claudete T. M.s)

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