Só as Palavras a desenhar estrelas, rios, seres... conseguem nos Contar para Ler sobre a Arte da Narração Oral que costura asas na imaginação de nossos herdeiros.
O Avô, ancião da casa preparou a fogueira, a acendeu... Eram quatro cadeiras em volta dela, a serem aquecidas com suas chamas a chamar as histórias.
Em família, cantarolamos juntos uma canção que só os narradores gostam de cantar para deixar a imaginação aflorar, relaxar, auxiliar na escuta afetiva, atiçar as narrativas, preparar o ambiente sagrado que assim poderíamos dizer a chamar nosso encantamento interior:
Cantando em grupo estamos a celebrar a Vida, o Amor...
Chamamos as histórias a estarem conosco com todas as suas encantarias vestidas de verdades,
Que possamos receber nossa ancestralidade em palavras bem contadas,
Que em volta das chamas sagradas a emanar o poder do fogo a atiçar os fios da memória,
Nos seja dado o honroso prazer de olhar em cada olhos a nos olhar de boquiaberta,
A nos mostrar o tanto de vontade sentados a nos ouvir numa viagem única em cada narração,
Que a Nós Narradores Orais seja ofertado a Arte de Olhar dentro de nossas Almas Narradoras,
A Amorosidade Humana refletida em cada rosto a nos ver e nos ouvir...
E que todos aqueles que chegaram antes de Nós, a levar as histórias por onde passaram,
A cativar os ouvintes com a magia carregada por nossos antepassados,
Nossos Ancestrais da Tradição Sagrada da Arte Narrativa em Grupo,
Que possamos ser ponte para quem estará a narrar histórias quando não estivermos mais aqui...
Para que assim os fios de memórias não desapareçam, nem fiquem guardados em um lugar qualquer.
que assim, nossos pares Contadores de Histórias possam estar sempre presentes,
E nós também a lhes ouvir...
Narrador Oral que não ouve a arte do outro, necessita abrir sua escuta na construção de pontes...
Que possamos estar ao Pé do Fogo a saudar o Narrador para que outros tempos possam florescer...
Para que possamos ladrilhar estradas com pedrinhas de diamante para nossos ouvintes trilhar
Com rima e os ancestrais ritmos narrativos no cultivo dos leitores-ouvintes afetivos,
A cativar mais e mais histórias em grupo.
Tudo sem jamais se esquecer de que, como disse o Pequeno Príncipe: "Quem cativa, cuida..."
(Meu momento de inspiração para você Leitor Ouvinte... Claudete T. M.s)
Na noite de 30.08.2019: Num círculo em família, fizemos uma fogueira para chamar as histórias. Minha #neta Catarina pegou um de seus livros preferidos e fez uma mediação de leitura, cantou... e passou a vez para a vovó. Helena no colo da mãe, estava atenta, curiosa a ouvir as três histórias narradas por Vovó Dete em volta da fogueira. E as histórias: Por que há tantas estrelas no céu? (De Leonardo Boff), O menino e o Gigante (de mestre Francisco Gregório), A casa de Chocolate (Conto de domínio público - Versão #Bruxa da Mata), fizeram as meninas/bebês ficarem de olhos esbugalhados, semblantes de curiosidade... O tio Natan contracenou com o gigante, #Vovó narrava e retratava os fatos a levar as nestas para dentro das histórias... O fogo no meio a bailar, deixava o ambiente intrigante, provocante, cativante... E a grandiosa plateia de #ouvintes afetivos, acessou a encantaria de cada história. O mesmo aconteceu nos momentos em que a vez era da #Narradora Catarina - graciosa por natureza, encantou os ouvintes. Helena ria, balbuciava, aplaudia com suas mãos miúdas... Acima de nós estava a Senhora Lua e suas amigas Estrelas a piscar para nós. Quando minha filha me chamou para esse momento sagrado - Roda de Histórias ao Pé do Fogo, eu não acreditei. Era tarde e eu já estava na cama. Levantei e fui estar com meus filhos e netas.
Não importa onde o Contador de Histórias esteja - se em casa, numa praça, no quintal ou na sala de alguém... Porque o importante está na presença de cada Ser Ouvinte: o Narrador, o escutador, as histórias, as cantorias, a magia... Em que a presença do Narrador sempre será um presente para muitos, caso tenho alguém que não goste. E a arrumação de um espaço amoroso para receber as histórias e seus contadores, é Sagrado.
O Vovô acendeu a fogueira. É bem assim que se vive em #família aqui em casa. Juntos, nessa noite que amei de paixão, contamos #histórias, cantamos e fechamos esse momento em círculo em família, onde fizemos nossa Roda de Histórias e encerramos com um mantra. Cada momento vivido nesse momento, foi único, estando eternizado em cada coração. Na próxima Roda de Histórias vai ter beliscos assados - gostosuras com travessuras. Fotografamos, mas aqui só estou a postar as fotos e as filmagens que as palavras contam a nos levar para muitas leituras.
Acender uma fogueira, reunir a família, os amigos, os vizinhos, pessoas com escutas afins, é aquecer a alma e viver com um coração feliz em estar a pulsar todos os dias, para quem o quer bem.
Assim vive o verdadeiro Contador de Histórias - aquele que exala aconchego, oferta colo ao transmitir seus saberes por meio de seu casamento com as histórias sem fronteiras; aquele que narra de corpo e alma ao utilizar mitos sagrados que perpetuam nossa Ancestralidade da Arte Narrativa. VIVAAAAA...
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