E porque não pensar também na Conexão do Narrador Oral em sala de aula, para as possíveis troca de saberes entre o Narrador e seus Ouvintes-Leitores, no desdobramento dos conceitos a serem apreendidos no processo de ensino-aprendizagem, próprio do ambiente escolar? Uma conexão que também pode acontecer de maneira implícita, através da narração de contos temáticos, onde o Narrador necessariamente não precisa ser um professor, mas sim aquele contador de histórias que adentra o ambiente escolar para fazer as suas apresentações sem o compromisso de ensinar conteúdos pedagógicos..., onde, querendo ou não, esse tipo de conexão por meio da arte narrativa - Arte de Ler e Contar, passa a ser, por que não, um dos meios de troca de informações que pode acontecer em dois estados: estado temporal (tempo do fato...) e atemporal (Aquilo que mesmo sendo passageiro, resiste ao tempo - Está sempre indo e vindo na voz da história narrada), material (quando o narrador faz uso de elementos na retratação dos fatos) e imaterial na conexão de saberes científicos com a tradição (Alusão às narrativas passadas de gerações às gerações, cada qual no seu tempo a escrever e perpetuar a Ancestralidade da Arte Narrativa - Na transmissão de costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas...).
(Segunda Semana do Contador de Histórias de Florianópolis/2019 - Narradoras Orais: Eli (da Associação dos Contadores de Histórias de Florianópolis - ACONTHF e Jane Severo (da Cia Mãos que Tecem Histórias, levam as Histórias aos educandos de uma Creche do município de Florianópolis/SC/BR)
A Narração de História, como também a Mediação de Leitura Animada por meio dos "desenhos feitos nas pedras", temos aqui duas artes milenares com início no interior de cavernas, ainda vivas por estarem na memória do povo que ainda gosta de narrar e ler histórias. Esta arte compreende as exemplificações e elucidações
virtuais que utilizamos como meios estratégicos que levam ao sujeito o
reconhecimento do que ele tem em comum com o meio no qual está inserido (no
aqui, no agora e através dos tempos), mostrando como se preserva as de
espontaneidade do “ser humano”.
Contador de Historias atua com indivíduos concretos, com os quais ele tem que interagir e integrar nos mesmos o cognitivo (aquisições abstratas), o afetivo (motivação intrínsecas) e o social (vínculos e intercâmbios realizados pelo sujeito do processo). Partindo deste pressuposto, as estratégias servem para mostrar ao público alvo, diferentes formas de se enfrentar momentos dramáticos e se preserva a personalidade até a queima de conflitos.
E na sua fase contemporânea, com o advento das técnicas teatrais para o aperfeiçoamento performático da linguagem corporal, da voz e da estética do espaço geográfico (ambiente das apresentações), a contação de histórias também busca meios e técnicas específicas em relação à estética das suas linguagens em cena: corpo, voz, ambiente físico, seja nas suas ações individuais ou em grande grupo, para que os narradores orais possam estar de acordo com as finalidades dentro dos objetos desejados desde que estejam no caminho da narrativa a pensá-la não só para si, como também para o desdobramento do olha e da escuta social de seus ouvinte presentes. Assim não se deixa morrer o que foi narrado. E juntos, narrador e ouvintes estão costurar asas nas histórias - asas que levarão as histórias para além do lugar da contação, assim do jeito deste mantra narrativo que muitos narradores costumam verbalizar no final do conto: "E foi até aos ouvidos dos patos a sair pela boca do pinto que lá na frente contará mais cinco" (Reinventada por Claudete T. da Mata)...
De imediato à finalidade desejada, o Contador
de Historias e Mediador de Leitura Animada colocam em cena os seus objetivos, quando feito com consciência desses dois atos, conseguem rasgar sorrisos com os resultados desejados assim, de
forma implícita ao explicitar a historicidade social contida nas
histórias. Assim, partindo delas e sendo determinadas nelas mesmas, inserindo-as nas
relações do sujeito com o outro e tornando-o uma conseqüência desse processo
através dos processos cognitivos, afetivos e sociais.
Os procedimentos deverão
trazer dinâmicas recheadas de propósitos transdisciplinares, capazes de
provocar a modificabilidade cognitiva, afetiva, emocional, em especial para o contador e o leitor de histórias de dentro e de fora da sala de aula - a sala que faz uso dessa arte milenar como meio de ensino e aprendizagem, a proporcionar aos seus educandos (sua plateia de todos os dias) atraves deste meios os mais agradáveis espaços de aprender a aprender os ensinamentos com alegria... Assim também se faz da arte de contar histórias, uma arte para refinar o planejamento pedagógico e a escuta educativa em sala de aula, ambiente onde se concentrar objetivos e desejos ao mesmo tempo...
Alguns questionamentos básicos que não podem calar só por ouvir dizer:
De que maneira os Professores de Educação Artística e da própria Literatura, conseguem olhar a Arte de Ler e Contar Histórias em Sala de Aula?
De que
forma o Narrador de Histórias de Sala de Aula, reconhece seus substratos de intervenções pedagógicas voltadas à prevenção das
dificuldades nos processos de ensino e aprendizagem?
Como propõem tarefas pedagógicas voltadas à encantaria das histórias, para os seus alunos, dentro do que eles necessitam para aprender em cada área do
conhecimento (disciplina), com espontaneidade e prazer?
Ao responder esses questionamentos, vamos estar fazendo uma conexão para além do estamos a escrever pós nossas leituras de mundo, voltadas ao papel do narrador oral, dentro do seu estilo a respeitar o estilo de seus ouvintes, como também as suas necessidades por ambos estarem no mesmo ambiente, mesmo que de um lado está o narrador e do outro o ouvinte-leitor. São respostas a serem dadas com inteligência e sabedoria, já que o campo dessas conexões são bem abrangentes, por isso necessitam ser conscientes. É quando verbalizo em determinados momentos em grupo de formação, o valor e seus benefícios quando somos contadores de histórias conscientes dos nossos deveres em cena - Onde o que delineamos com a alma, precisa estar escrito no coração a se manifestar de muitas formas: por imagens (Uso de elementos materiais) ou palavras (Os verbos na constituição de diálogos que retratam as imagens virtuais além de todos os textos memorizados...). Enfim, falar ou pensar nessa Conexão, é algo que exige momentos únicos de tamanha profundidade. Seja Contando Histórias ou fazendo Mediação de Leitura...
Mediação de Leitura Animada - onde as ilustrações não são expostas durante a mediação, de maneira que os ouvintes sejam permitidos a viajar com a oralidade e imaginar as cenas, dentre outros benefícios tanto para quem está a se deliciar com as encantarias das histórias, quanto para os ouvintes ainda em processo de desenvolvimento da capacidade/estrutura de escuta - Passos para desenvolver e aperfeiçoar as estruturas de atenção e concentração, tão necessárias para o sucesso de quem está em processo de aprendizagem... Idealizadora dessa metodologia de mediação - Claudete T. da Mata.
Referências: Estudos, pesquisas e vivências na arte narrativa - Oralidade e Escritas a partir de estudos (Leituras literárias/bibliográficas), pesquisas de campo (Vivências em comunidades e nas disciplinas de mestrado e doutorado como aluna ouvinte e especial) e vivências do cotidiano (Visitas às comunidades tradicionais, conversas em família com os mais velhos em conexão com os mais novos, encontros de narradores orais/tradicionais e os profissionais que sobrevivem da arte narrativa oral e autoral, nas conversas com os ouvintes-leitores após as apresentações, assuntos debatidos em oficinas e cursos de formação do contador de histórias...)
Texto de Claudete T. da Mata, para os leitores do blog Cia Mãos que Tecem Histórias, aqueles que desejam saber e fazer troca de saberes.
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