Matilha da Boca de Leão, sempre gosto de ouvir sobre os autores ouvindo deles mesmos. É uma forma de conhecer o real e não a interpretação de terceiros. É gostoso ver e ouvir os autores. Aprendemos muito com eles.
Um dos aprendizados que abracei foi o tempo da escrita. Escritores não precisam correr mais que os lobos para editar as suas escrituras. Também não precisam caminhar ao lado das tartarugas pensando ser esta uma caminhada de um tempo que oferece mais tempo para as revisões que nunca se acabam.
Aprendi que até as obras de Machado de Assim também contem erros. MAS NADA QUE O FIZESSE MENOR, AO CONTRÁRIO, ELE ESTÁ ENTRE NÓS ATÉ HOJE.
Este autores sempre me ensinam que para cada escritor há um tempo de fruição do processo criativo. Quando se escreve com o coração, o tempo caminha junto de nós sem nos deixar estressados. Porque se tem algo atrapalhando o nosso imaginário, nada vamos ruminar e exteriorizar pelos nossos dedos. Nada de sufoco. Caso contrário, estrangulamos o processo criativo e em vez de fazê-lo nascer, o vomitamos pela pressa de editar mais e mais. Então, sim, ficamos sem o Senhor Tempo, aquele que nos dá a chave para o nascimento das palavras, certos de que o nosso processo de formação nos deu suporte para saber registrar os fios da memória, as palavras que nos visitam, os sentimentos trazidos por elas a nos fazer cócegas na caixinha de criação, saber coordenar, planejar e sentar para pensar, imaginar, refletir, registrar o resultado e ler cada momento, refletir para ver o que queremos, para que e por que desejamos tudo o que veio até nós. Por último, vem os passeios pelos veios da editoração: onde fazer, etc. etc. etc. É uma caminhada que requer muitas escolhas e prioridades, até levar as nossas criações em forma de livro aos nossos leitores. É uma viagem cheia do que fazer e para que fazer?
Com Ana Maria Machado podemos ver um pouco de tudo o que acabo de registrar. Tenho mais de 20 produções e ainda não consegui publicar nenhuma delas. Por quê? Porque tive que fazer muitas escolhas e eleger as prioridades. Nem por isso não deixo de ser escritora. Por quê? Porque dedico parte do tempo de todos os meus dias à escrita e à leitura, outro momento fundamental na vida de quem gosta e escreve com a alma.
Escrever e ler, vice versa, é uma questão de prazer, de querer, de Ser e Viver uma solidão boa. (Claudete T. da Mata)
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